Chama-se Climas. É a mais velha história do mundo: um par — Ebru Ceylan e Nuri Bilge Ceylan — vive num jogo de entrega e dúvida, aproximações e recuos, hesitando entre a existência do amor e a sua cruel impossibilidade. E não é todos os dias que a encontramos (re)contada com este minimalismo formal, convulsivo como um vulcão de emoções, gritos e terríveis silêncios. Nuri Bilge Ceylan (também realizador, argumentista, montador e produtor) dá razão à noção segundo a qual o património melodramático é um imenso e vivíssimo magma onde continua a ser possível ir buscar modelos e inspirações para percorrer a intimidade dos pares contemporâneos. Mais do que isso: a utilização de uma câmara digital favorece, de uma só vez, a contenção financeira e o realismo ambíguo de todos os rostos e todas as superfícies — é cinema, de austera beleza, que nos chega da Turquia, tocado pelo dom da universalidade.