domingo, abril 15, 2007

Elogio de Paul Haggis

Na dinâmica criativa do cinema americano dos últimos anos, Paul Haggis é uma figura determinante. Afinal de contas, em apenas dois anos ele acumulou cinco nomeações para os Oscars, tendo ganho dois: primeiro, foi nomeado pelo argumento adaptado de Million Dollar Baby (2004), de Clint Eastwood; depois, Crash/Colisão (2005) valeu-lhe três nomeações: melhor filme (ganhou, enquanto coprodutor com Cathy Schulman), melhor argumento original (ganhou, enquanto co-argu-mentista com Robert Moresco) e melhor realizador; finalmente, Cartas de Iwo Jima (2006), de Clint Eastwood, trouxe-lhe mais uma nomeação (repartida com Iris Yamachita) na categoria de melhor argumento original.
Agora, Haggis reaparece como peça fundamental de um projecto tanto mais surpreendente quanto se trata de adaptar um exemplo simpático, mas menor, da mais recente produção melodramática italiana: O Último Beijo (2001), de Gabriele Muccino. A versão americana, dirigida por Tony Goldwyn, chama-se também O Último Beijo e consegue a proeza de potenciar as componentes do original, transformando uma teia sentimental mais ou menos convencional num exercício metódico sobre as escolhas morais que as relações amorosas podem envolver. Acima de tudo, o filme de Goldwyn/Haggis encena uma complexa teia de casais que escapa aos estereótipos mais previsíveis, sejam eles psicológicos ou geracionais. O leque de actores inclui algumas notáveis performances, nomeadamente de Zach Braff, Jacinda Barrett, Blythe Danner e Tom Wilkinson.