Não é a primeira vez que nos referimos, aqui, ao filme Half Nelson, de Ryan Fleck (escrito e produzido por Anna Boden e o próprio realizador). Em Agosto de 2006, o seu impacto nos circuitos independentes americanos — e também a excelente banda sonora dos Broken Social Scene — levou-nos a chamar a atenção para um filme que, nessa altura, não tinha difusão prevista para Portugal. Perguntávamos mesmo se algum distribuidor se poderia interessar pelo seu lançamento. Pois bem, a resposta está dada: com a chancela da Ecofilmes/Vitória Filme, Half Nelson aí está, com o título português (não muito feliz...) Encurralados.
Centrado na crise de uma personagem peculiar — um professor branco, de um liceu de alunos maioritariamente negros, lutando com a sua dependência de algumas drogas —, Half Nelson é um exemplo brilhante de uma produção independente que, a partir de um pequeníssimo orçamento de 700 mil dólares (pouco mais de 530 mil euros, menos que a maior parte dos filmes portugueses produzidos em anos recentes), possui uma acutilância realista e uma densidade dramática invulgares.
A nomeação de Ryan Gosling para o Oscar de melhor actor (a única de Half Nelson) distingue um trabalho de invulgar subtileza afectiva. Em todo o caso, seria errado reduzir o filme a um one-man-show. Bem pelo contrário: as interpretações são todas admiráveis, com destaque para Shareeka Epps [ambos na imagem], compondo uma aluna de 13 anos que estabelece uma relação de singular cumplicidade com o seu professor. Que ambos saibam representar essa relação muito para além de qualquer cliché (dramático ou moral), eis o que diz bem da riqueza e complexidade deste filme que merece ser descoberto.
Centrado na crise de uma personagem peculiar — um professor branco, de um liceu de alunos maioritariamente negros, lutando com a sua dependência de algumas drogas —, Half Nelson é um exemplo brilhante de uma produção independente que, a partir de um pequeníssimo orçamento de 700 mil dólares (pouco mais de 530 mil euros, menos que a maior parte dos filmes portugueses produzidos em anos recentes), possui uma acutilância realista e uma densidade dramática invulgares.
A nomeação de Ryan Gosling para o Oscar de melhor actor (a única de Half Nelson) distingue um trabalho de invulgar subtileza afectiva. Em todo o caso, seria errado reduzir o filme a um one-man-show. Bem pelo contrário: as interpretações são todas admiráveis, com destaque para Shareeka Epps [ambos na imagem], compondo uma aluna de 13 anos que estabelece uma relação de singular cumplicidade com o seu professor. Que ambos saibam representar essa relação muito para além de qualquer cliché (dramático ou moral), eis o que diz bem da riqueza e complexidade deste filme que merece ser descoberto.