Chega hoje às salas um dos mais impressionantes filmes do recente cinema americano. Impressionante em sentido literal — impressiona olhar, assim, para um mundo de rotinas e banalidades, nele acabando por descortinar os movimentos convulsivos dos desejos, as feridas vivas dos amores vividos, imaginados ou nunca revelados. Little Children — ou, segundo o infeliz título português, Pecados Íntimos — talvez se possa resumir como o labirinto de dois casais que, por assim dizer, se cruzam e decompõem através de um jogo em que a contemplação das crianças desempenha um papel fundamental.
Todd Field (actor/realizador de quem víramos, em 2002, o também fabuloso In the Bedroom/Vidas Privadas) filma esse labirinto e as suas muitas formas de infantilização, incluindo, claro, as que os adultos adoptam para si próprios e para as suas relações. O seu trabalho consuma uma espécie de viragem "do avesso" do melodrama clássico: trata-se de filmar uma vida de regras e aceder às suas infinitas excepções. É, além do mais, um filme de actores em estado de graça, incluindo os dois que aqui vemos: Kate Winslet e Patrick Wilson parecem habitar um universo surreal em que todos os afectos seriam transparentes — Little Children é um conto cruel sobre essa ilusão.
Todd Field (actor/realizador de quem víramos, em 2002, o também fabuloso In the Bedroom/Vidas Privadas) filma esse labirinto e as suas muitas formas de infantilização, incluindo, claro, as que os adultos adoptam para si próprios e para as suas relações. O seu trabalho consuma uma espécie de viragem "do avesso" do melodrama clássico: trata-se de filmar uma vida de regras e aceder às suas infinitas excepções. É, além do mais, um filme de actores em estado de graça, incluindo os dois que aqui vemos: Kate Winslet e Patrick Wilson parecem habitar um universo surreal em que todos os afectos seriam transparentes — Little Children é um conto cruel sobre essa ilusão.