
As Bandeiras dos Nossos Pais era um filme sobre uma sociedade (americana) fortemente dependente do poder do imaginário visual e, mais especificamente, da função simbólica das imagens — afinal de contas, a célebre fotografia dos soldados a erguer a bandeira americana em território conquistado ao Japão era uma espécie de máscara política que se transformava numa imenso (e festivo) logro colectivo.
Como contraponto, Cartas de Iwo Jima dá evidência àquilo que está implícito no próprio título: uma cultura em que os valores, as hierarquias e as tragédias passam pela escrita e pelo seu singular poder de ligar e religar os seres humanos (vale a pena ver o trailer japonês). Estamos perante um retrato de prodigiosa sensibilidade humanista do Japão, assinado por um autor que, nem por um momento, renega a sua fidelidade ao mais nobre cinema clássico de Hollywood.