terça-feira, fevereiro 06, 2007

Base chama Major Tom...

Ano Bowie - 25
'Space Oddity' - Álbum, 1969

Não é invulgar ver Space Oddity apontado como o primeiro álbum de David Bowie. Mas, na verdade, é o segundo (o primeiro, David Bowie, lançado dois anos, híbdido de genéticas vaudeville cruzadas com cultura pop, do psicadelismo a marcas da cultura hippie). Na origem, quando editado pela primeira vez (em Novembro de 1969), mostrava por título David Bowie na sua versão inglesa e Man Of Words/Man Of Music na americana, tendo cabido à sua primeira reedição, via RCA, em 1972, o novo “baptismo” como Space Oddity, tomando o nome do single de sucesso que antecedera em alguns meses o lançamento do disco. E assim se passou a chamar.
Francamente autobiográfico, traduz o ano “negro” vivido por Bowie entre 1968 e 69, da separação de Hermione Farthingale ao desfazer do relacionamento profissional com Ken Pitt, o seu primeiro manager profissional, da relação oportunista com Calvin Mark Lee (A&R da Mercury) ao calvário de audições por escritórios de editoras em busca de um novo contrato. Acabou... na Mercury. Space Oddity é um disco de mais indícios de caminhos que de rumo concreto. Liberta-se da carga vaudevillesca do álbum de 1967 (apesar de manter um sentido de encenação teatral, como se escuta em Wild Eyed Boy From Freecloud), investe claramente em assimilações folk (citando Dylan como referência fulcral, notando-se ainda marcas de encanto pelos Beatles e de admiração por Marc Bolan), mas deixa a porta aberta a outras contaminações. Tematicamente é um disco de desencantos feitos canções, a separação de Hermione, a morte do pai (que não chegou a ver o filho a somar o primeiro êxito) e o desencanto pela filosofia hippie (evidente no longo e soberbo Cygnet Comitee). Recusado por George Martin (que não gostou de Space Oddity), o disco firmou um relacionamento com Tony Visconti e contou, entre os músicos de estúdio, com o novato (e ainda desconhecido) Rick Wakeman no mellotron.