O "Padrinho da Soul" morreu às primeiras horas do dia de Natal — James Brown, uma das personalidades mais influentes em toda a história do pop/rock do século XX, faleceu, em Atlanta, contava 73 anos de idade. Brown tinha sido hospitalizado no fim de semana, afectado por uma pneumonia; segundo o seu agente, Frank Copsidas, acabou vitimado por complicações cardíacas. Consultando o seu site oficial, podemos verificar que Brown mantinha um vasto calendário de concertos, com actuações marcadas até Agosto de 2007 (na noite de fim de ano, tinha dois concertos agendados para o B.B. King Blues Club, em Nova Iorque).
Na genealogia do R&B, Brown emerge na década de 50 com uma energia criativa que o transforma numa figura de referência cujas influências o irão colocar a par de personalidades como Elvis Presley ou, um pouco mais tarde, Bob Dylan. Na emergência da soul, aquilo que o distingue de outras figuras emblemáticas (como Ray Charles ou Sam Cooke) são as peculiaridades das suas experiências rítimicas, a ponto de não ser possível fazer a história do funk, disco ou rap sem passar por Brown.
Além do mais, através de sucessos como Please, Please, Please (a sua primeira gravação, em 1956), Out of Sight, (Get Up I Feel Like Being a) Sex Machine, I Got You (I Feel Good) ou Say It Loud - I'm Black and I'm Proud, entrou definitivamente no espaço lendário da música popular. De Mick Jagger a Michael Jackson, são muitos os que colheram inspiração nas suas canções e também na exuberante teatralidade das suas performances de palco.
Nascido a 3 de Maio de 1933, em Barnwell (Carolina do Sul), durante a Grande Depressão, Brown viveu as carências de uma infância dramática que o marcaria para sempre. Com uma história atravessada por diversos problemas com a justiça, casado quatro vezes, em 2005 dera a conhecer ao mundo a sua visão autobiográfica através do livro I Feel Good (NAL, Penguin) — nessa altura, concedeu a Terry Gross uma longa entrevista, transmitida pela rádio pública americana NPR.
No cinema, Brown assumiu por duas vezes uma personagem emblemática: a do reverendo Cleophus James, um evidente alter ego da sua própria personalidade artística — aconteceu em The Blues Brothers (1980) e Blues Brothers 2000 (1998), ambos de John Landis. Com lançamento previsto para 2007, encontra-se em fase de pós-produção o documentário Life on the Road with Mr. and Mrs. Brown, uma realização de Sheila Lussier e Camille Solari, tendo por objecto o casamento e as carreiras conjuntas de James e Tomi Rae Brown.