
Com novos clubes como o Knitting Factory ou o Mercury Lounge a cativar quem procurava a novidade, Nova Iorque viu nascer, ou serviu de nova casa a bandas como os Yo La Tengo, They Might Be Giants, Versus ou Living Colour, Jon Spencer Blues Explosion ou os Feelies. Entre as muitas forças reveladas em 90 destaca-se a multidão de projectos liderados pelo profícuo Stephin Merritt, das quais os Magnetic Fields representam o esforço protagonista. Depois de duas décadas de actividade regular, mas sem a capacidade para inscrever a cidade na primeira linha das atenções pop/rock mundiais, a chegada do milénio trouxe boas novas. Primeiro com o rock melodista e retro dos Strokes, banda nascida num colégio fino de Central Park West. O sucesso e oportunidade daquele som evocativo das melhores memórias de meados e finais de 70 foi tal que, num ápice, começaram a brotar outros nomes, com a consequente atenção desperta entre editores e promotores. Nomes como os Liars, Yeah Yeah Yeahs ou The Rapture revelaram-se inteligentes recontextualizadores de memórias punk. Interpol, Radio 4 e, mais recentemente, os Tha Bravery, redescobrem memórias da pop de inícios de 90 e injectam-nas em canções para energia, ritmo e guitarras. Igualmente recente, também manifestando sinais de ligação ao passado pela reinvenção de um hedonismo nocturno, juntando-lhe aprumo visual e tempero electrónico a olhar para as raízes de 80, o electroclash ofuscou as noites nova iorquinas de 2000 a 2003, projectando descendência em nomes como os Fischerspooner (mais canónicos) e Scissor Sisters (já em rumo a outras paragens). A actual deificação da DFA Records (LCD Soudsystem, The Juan McLean) como uma das mais activas e prospectivas editoras do momento, inventando híbridos de génese electrónica mas cientes de 50 anos de vivência rock’n’roll reafirma, uma vez mais, Nova Iorque como uma das mais importantes capitais musicais que o mundo hoje conhece. Esta é, de facto, a cidade que nunca dorme. (conclui amanhã)