quarta-feira, outubro 11, 2006

Nova Iorque, cidade rock'n'roll (1)

Há mil e um motivos para visitar Nova Iorque. Paradigma da grande cidade, feita ícone pela fotografia e cinema, imortalizada nas palavras de gerações de escritores, cantada e fonte de canções, recebe hordas de turistas de guia na mão, em percursos por ruas e avenidas, entre o Central Park e Washington Square, do novo MoMA ao velho Whitney, da garrida Trump Tower ao geométrico City Corps… As compras, as comidas, os táxis amarelos, o metro impróprio para quem não esteja atento aos sinais e tabuletas. A cidade, que nos habituámos a descobrir nos filmes de Woody Allen ou Scorsese, que lemos em Paul Auster ou John dos Passos, que escutámos nas letras de Lou Reed ou Suzanne Vega, é uma das mais agitadas e vivas capitais culturais do planeta. A recente vaga de redescoberta de hábitos rock com os Strokes e seus herdeiros imediatos, dos Interpol aos Yeah Yeah Yeahs, dos Radio 4 aos The Bravery, assim como a também não distante euforia electroclash (Fischerspooner na pole position) e a nova alma híbrida entre rock e dança via DFA Records, com estandarte nas mãos do LCD Soundystem, voltou a mostrar que Nova Iorque é, ainda, um dos mais importantes laboratórios de invenção musical e colocou novamente a música como uma das mais consequentes vozes da cidade. Assim, no momento em que se assinalam 50 anos de relação intensa com a cultura rock’n’roll, porque não uma redescoberta de Nova Iorque pelas pistas pop/rock? Visitemos pois as ruas, avenidas e praças, palcos e clubes, lojas de discos novos e usados. Turismo rock’n’roll. Centremo-nos, salvo pontuais excepções, em Manhattan, coração cultural e pop da cidade, circulando entre os lugares que fizeram história, com paragens longas pelas ruas do East Village e Greenwich Village, não só palcos de histórias e memórias desde os dias de 60, mas também sede das mais incríveis lojas de discos, algumas verdadeiros paraísos para melómanos e coleccionadores. Da anglófila Rebel Rebel à oferta de vinil descatalogado da House Of Oldies, da desarrumação rock’n’roll da Bleeker Bob’s Golden Oldies aos espantosos escaparates ricos em novidades e fundo de catálogo de pop/rock alternativo e electrónicas na Other Music, o circuito das lojas é obrigatório, e só dói ao cartão de crédito. Porém, a peregrinação roqueira começa bem acima do Village, num prédio histórico na Broadway, poucos quarteirões acima de Times Square e numa emissão de rádio sediada em Brooklyn. (continua amanhã)

PS. Texto originalmente publicado no DNmais, em Agosto de 2005.
A foto (de utilização proíbida fora deste blogue) mostra a histórica loja
da Tower Records,na esquina da rua 4 com a Broadway

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