DIANE ARBUS Identical twins, Roselle, N.J. 1967
As gémeas de Roselle, New Jersey (1967), são uma das fotografias mais conhecidas de Diane Arbus (1923-1971). Mais do que isso: esta imagem transformou-se em símbolo da sua vocação de fotógrafa de seres mais ou menos "marginais", por vezes freaks, classificação que ela própria tinha consciência de ter gerado, mas contra cujo sentido redutor muitas vezes se revoltou. Em The Shining (1980), Stanley Kubrick (1928-1999), que foi fotógrafo antes de realizar filmes — e, enquanto fotógrafo da revista Look, conviveu com Arbus —, citava ex-plicitamente a imagem das gémeas através das duas meninas que apareciam nos corredores do Overlook Hotel, quando o pequeno Danny (Danny Lloyd) dava os seus passeios de triciclo.
Mais de três décadas decorridas sobre o suicídio de Arbus, os seus "monstros" — travestis, gigantes, prostitutas, mas também crianças, estrelas de cinema ou incautos namorados — devolvem-nos uma paradoxal, por vezes comovente, dimensão humana. Ela foi, afinal, um emblema de um realismo cru, sempre revoltado contra o culto das aparências e a mera reprodução de clichés sociais ou afectivos. Está concluído um filme sobre ela: começou por se intitular Fur (chama-se agora Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus) e estreia-se a 10 de Novembro nos EUA — a realização é de Steven Shainberg (A Secretária); Nicole Kidman interpreta a personagem de Diane Arbus.
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