
Hoje, ainda longe de ser uma presença popular, Daniel é uma figura de culto, citada como referência por nomes como David Bowie, Tom Waits, Beck ou os Flaming Lips. Atormentado pela doença mental desde muito jovem, assombrado por uma patologia que se projecta na sua obra (e lhe mereceu comparações, nunca absolutamente precisas e exageradas, com Brian Wilson), Daniel Johnston viveu difíceis dias nos anos 90, reduzindo a sua produção a uma mão cheia de discos. Nos anos mais recentes, sob medicação nova e estabilidade mais regular, tem gravado discos e, sobretudo, ganho maior visibilidade como desenhador, inúmeras obras suas expostas em galerias e museus (o Whitney, de Nova Iorque, expôs trabalhos seus já este ano).
2006 está a ser um ano positivo para Daniel Johnston. Depois de alguma instabilidade pessoal em 2005, completou a construção de uma primeira antologia representativa da sua obra nos anos 80 e inícios de 90 (Welcome To My World) e lançou um novo álbum de originais (Lost And Found). A visibilidade que tem ganho com o documentário The Devil And Daniel Johnston, de Jeff Feuerzeig, começa a fazer justiça a um autor longe de ser o génio por vezes apregoado numa imprensa com gosto pelo adjectivo superlativo, mas que tem uma obra de talento evidente e prersonalidade claramente demarcada.