Uma das melhores estreias dos últimos tempos devolve ao cinema o sabor mais clássico do musical. Trata-se de uma adaptação de uma adaptação… Ou seja…
Em 1968 Mel Brooks criou um filme hilariante sobre um produtor decadente da Broawday que seduz velhinhas (e suas reformas) para pagar os seus fiscos e que, depois de conhecer um contabilista até aí honesto, resolve dar o golpe, criando aquele que lhes pareceria o mais potencial flop da estação, arrecadando dinheiros não declarados… Descobrem a pior peça de teatro em Springtime For Hitler, da autoria de um ex-soldado nazi agora entregue aos seus pombos-correio num telhado de nova-iorque. Depois procuram o pior encenador, pior elenco, por aí adiante… Só que na hora da desgraça prevista, e por um acidente de percurso, o musical vira uma comédia de sucesso…
Esta história só podia acabar num palco da Broadway e, aí feito culto já sugerido pelo filme, eis que regressa ao cinema, agora pelas mãos da encenadora do espectáculo, de salas sistematicamente esgotadas num teatro da rua 42.
A nova versão de Os Produtores, com Nathan Lane, Matthew Broderick e Uma Thurman a liderar o elenco, é fiel tradução para o ecrã do sentido de luz, som e glamour que a adaptação ao palco aplicou à história de Mel Brooks. E aqui reside uma crítica fácil e recorrente, que aponta dedo ao facto da realização pouco mais fazer que… filmar um musical de palco, recriado em estúdio. Mas não era assim o cinema musical clássico americano dos anos 40 e 50? O filme devolve essa intensidade dramática e musical ao grande ecrã, oferecendo uma proposta nos antípodas de um Moulin Rouge. Reabre a porta da Broadway ao cinema e usa o aprumo que a fotografia e, sobretudo, a tecnologia de som do presente pode dar a uma proposta deste género. Que venha, a seguir, o mui desejado Spamelot, também sistematicamente de salas esgotadas na Broadway!
Atenção: Deixem-se ficar na sala até ao fim dos créditos. Há extras!...
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