segunda-feira, maio 01, 2006

Discos da semana, 1 de Maio

Ladytron “”Extended Play”
Enquanto não apresentam um successor para o magnífico álbum do ano passado, os Ladytron lançam (para já apenas no mercado norte-americano) um EP de extras para fãs mais convictos. Trata-se de uma colecção CD + DVD, o primeiro agrupando algumas remisturas, instrumentais e raridades, o segundo apresentando os telediscos de Destroy Everything You Touch e Sugar, e ainda o documentário de meia hora Once Upon A Time In The East, registo da passagem dos Ladytron pela China. Sendo um disco claramente nascido como adenda aos feitos do anterior The Witching Hour, em nada pretende adiantar-se ao que o álbum nos mostrou, mostrando uma pop negra ensopada em electrónicas, mas onde as guitarras marcam a sua identidade. Os consumidores de remisturas terão boas surpresas nas novas leituras de High Rise (absolutamente obsessiva), Weekend (por James Iha) e Sugar (por Jagz Kooner). Magnífico ainda o gélido e metronómico Nothing To Rise, onde os Ladytron voltam a fugir da língua inglesa com os melhores resultados.

ByPass “Mighty Sounds Pristine”
A estreia em EP dos ByPass, já lá vão cinco anos, deu-nos esperanças quanto ao futuro de uma banda que parecia querer usar as ferramentas e heranças de um rock menos convencional em favor de uma demanda pessoal que prometia muito… Os cinco anos de silêncio discográfico são interrompidos agora pelo álbum Mighty Sounds Pristine que, sem concretizar em pleno o que se esperava depois de tão promissora estreia, não deixa de ser uma cativante e interessante manifestação de vontade em procurar caminhos distintos dos que habitualmente se desenham por estas bandas. A canção está nas suas metas, mas uma noção de espaço e textura é também protagonista numa linguagem que ainda mostra sinais das heranças que bebe e por vezes perde momentaneamente o norte, pelo que se continua a lançar para um futuro (que esperamos não tão distante) a efectiva libertação de amarras e descoberta dessa dúvida antiga: “quem somos, afinal?”. Mesmo assim, um bom esforço. E com uma das melhores capas nacionais do ano.

Tears For Fears “Songs From The Big Chair”
Depois de uma magnífica estreia em 1983 com o álbum The Hurting, os Tears For Fears viveram um breve flirt com uma música menos imediata numa breve sequência de singles que certamente terão assustado a editora. Na agenda guardavam todavia um passo seguinte de maior ambição formal, promovendo a criação de um álbum de maior sofisticação no som, mais exigente escrita e pensado para conquistar tanto os gostos na Europa como na América. Nasce assim, em 1985, Songs From The Big Chair, que através de singles como Shout ou Everybody Wants To Rule The World fizeram do grupo um fenómeno global. Afastaram-se assim ostensivamente do berço pós-punk em que havia nascido, mas, apesar de canções de aprumo superior como Head Over Heels ou de desafios inesperados como Working Hour ou Mothers’s Talk, não repetiram a frescura genuína da estreia. Esta nova edição, com um CD de extras, sublinha a face mais ambiciosa de uma banda que aqui começou a perder a chama que deles havia feito uma das boas surpresas entre a primeira geração de 80.

Devine & Statton “Cardiff”
Depois de suave recepção pública, e algum entusiasmo crítico com The Prince Of Wales, o ano de 1990 viu Alison Statton e Ian Devine mergulhados numa espécie de homenagem feita de canções ao País de Gales, e sobretudo à cidade de Cardiff, onde a cantora nascera. O álbum é um dos melhores discos pop de 90, cruzando as atmosferas delicadas e sugestões do espaço visitado sob diálogo com uma música suave, adulta e discreta, essencialmente feita de inteligentes melodias para voz e guitarra, como acontecera no álbum de estreia do duo. Todavia, Cardiffians acrescenta ao som de Alison e Ian um corpo mais sólido e versátil nos arranjos e uma energia mais luminosa, sobretudo através de pontuais presenças mais óbvias de teclados, plácido suporte rítmico e, pontualmente, metais (como se escuta no single Hideaway, que evoca a pop solarenga dos Weekend). Notam-se as presenças de convidados como Marc Ribot (guitarra) ou Peter Hook (baixo). A voz de Alison continua a falar-nos como em sonhos, e a escrita de Ian Devine consegue registar marcas do real sem romper o ambiente que a voz e melodias sugerem. Tal como no primeiro disco, também aqui há uma versão, desta vez o mais remoto Don’t It Make My Brown Eyes Blue, de Crystal Gayle. Passados 16 anos, canções Crestfallen, Hideaway, Lovers Get In The Way ou o contagiante Enough Is Enough sabem ainda a qualquer coisa leve, sedutora, diferente em sem tempo. A reedição junta ao disco alguns extras (lados B, máxis e raridades), que nada acrescentam ao alinhamento original.

Também esta semana: Basement Jaxx, Pearl Jam, Gomez, PJ Harvey (DVD)

Brevemente:
8 de Maio: Scott Walker, Red Hot Chilli Peppers, The Raconteurs, Lisa Germano, Bruce Springsteen, Grandaddy, Matmos, Roddy Frame, The Stills, Scritti Politti, Only After Dark (compilação pós-punk com selecção de Nick Rhodes e John Taylor)
15 de Maio: Thievery Corporation, Zero 7, Expensive Soul, Fatboy Slim
22 de Maio: Pet Shop Boys, Hot Chip, Boy Kill Boy, Futureheads, Sex Pistols (reedição), William Orbit

Maio: Clear Static, Radio 4, Frank Black, Muse, Spiritualized, Death From Above 1979, Velvet Underground (antologia), Matthew Herbert
Discos novos ainda este ano: Primal Scream (Junho), Whitest Boy Alive (Junho), Protocol (Verão), B-52’s, Björk, Beyoncé, Blur, Bryan Ferry, Cornershop (Maio/Juho), Damon Albarn (Verão), David Bowie (Junho), Depeche Mode (ao vivo, Outono), Duran Duran (Verão), Feist (Outono), Franz Ferdinand (Outono), Hector Zazou, Jarvis Cocker (Maio/Junho), Joseph Arthur, The Killers (Outono), Kim Wilde, Michael Franti (Junho), Michael Nyman (Maio/Junho), Moby (Verão), Neneh Cherry, Nine Inch Nails, Outkast, Paul Simon, Peter Gabriel, Polyphonic Spree (Julho), Q-Tip, Radiohead, St Etienne, Scissor Sisters (Outono), Sisters Of Mercy, Madonna (Lisboa ao vivo DVD), New York Dolls (DVD)
Reedições e compilações ainda este ano: Art Of Noise, Björk, Jesus & Mary Chain, Frankie Goes To Hollywood, Kate Bush (Novembro), Oasis (Lados B, Junho), Propaganda, Byrds (reedição), Clash (reedição)


Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento.

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