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A sexta é, tal como a quinta e a sétima, uma obra vocal, trabalho nascido de uma parceria com Allen Ginsberg que a morte deste em tempos interrompera, mas que Glass recentemente retomou e concluiu. A sinfonia, com subtítulo The Plutonian Ode, não foge à linha de trabalhos recentes de Philip Glass, apresentando o texto de Ginsberg cantado por um soprano. O álbum, duplo, apresenta no segundo disco uma versão alternativa desta sinfonia, com a voz de Ginsberg a ler o seu texto sobre a orquestra e canto.
Infinitamente mais interessante, e capaz de se colocar já ao lado da genial 5ª sinfonia, entre as melhores obras de Philip Glass, a sua nova oitava sinfonia é uma surpresa, e está a arrebatar entusiasmos mesmo junto dos mais cépticos da sua música. É uma peça longa, exclusivamente instrumental, pensada na linha das sinfonias concertantes características do período clássico, permitindo visibilidade protagonista a diversos instrumentos. É uma sinfonia de rumo sempre inesperado, com mudanças cromáticas, desafios na melodia e surpresa a cada novo momento, contrariando algumas das características mais recorrentes da obra recente de Glass. Estão lá as marcas do minimalismo que lhe é estrutural, mas há respiração diferente e uma sensação de mudança de ares que lhe dá, como no soberbo Orion editado no ano passado, sinais de que há novos caminhos ainda a trilhar por estas bandas. Os discos deverão ter, brevemente, distribuição entre nós pelo seu importador habitual, mas para já estão disponíveis no iTunes.