Está no mercado (o inglês, claro), um novo livro sobre Nick Drake. Trata-se de uma nova biografia, assinada por Trevor Dann, tem por título Darker Than The Deepest Sea: The Search For Nick Drake, e está a dividir a crítica. A narrativa factual, segundo a crítica de Colin Irwin na Mojo do mês passado, é segura e sólida, sobretudo porque apoiada por cartas pessoais às quais o autor teve acesso, assim como fruto de conversas com antigos colegas de escola e de profissão, entre os quais Joe Boyd e mesmo Elton John. Dann também contextualiza a sua vida familiar, as origens na Índia, os dias de escola em Tanworth-in-Arden e Oxford, assim como faz um retrato da cena folk britânica de finais de 60 à qual Drake surgiu associado. E explora os fantasmas que o atormentaram, das drogas e paranóia a um profundo sentimento de frustração. Mas, segundo o jornalista inglês, o autor entra pelo domínio das conjecturas quando mergulha no campo das hipóteses, levantando teses sobre a sexualidade de Drake, eventuais cenários de abuso em criança e até sugere que previu o sucesso futuro na canção Fruit Tree… O mito Drake é, de facto tentador. Mas dele há tão pouco além da música e de palavras de raros amigos, que acaba sempre em terreiro pantanoso qualquer tentativa de imaginar o homem por detrás de tão trágica mas sedutora história, e autor de uma das mais belas discografias de sempre. Sempre houve teorias sobre tudo em volta de Nick Drake, do eventual suicídio (hoje pouco credível) a cenários privados de uma vida sentimental feita de breves farrapos de sugestões e mais silêncios que factos. Apesar da crítica menos entusiamada da Mojo (que mesmo assim lhe dá um 3 em 5), quero ler a nova biografia para sustentar uma opinião sobre o livro. Até lá, como texto de referência, sempre temos o sóbrio Nick Drake: The Biography, de Patrick Humphries (Bloomsbury, 1997), que frequentemente tem aparecido em alguns escaparates lisboetas.sexta-feira, março 10, 2006
Uma nova biografia sobre Nick Drake
Está no mercado (o inglês, claro), um novo livro sobre Nick Drake. Trata-se de uma nova biografia, assinada por Trevor Dann, tem por título Darker Than The Deepest Sea: The Search For Nick Drake, e está a dividir a crítica. A narrativa factual, segundo a crítica de Colin Irwin na Mojo do mês passado, é segura e sólida, sobretudo porque apoiada por cartas pessoais às quais o autor teve acesso, assim como fruto de conversas com antigos colegas de escola e de profissão, entre os quais Joe Boyd e mesmo Elton John. Dann também contextualiza a sua vida familiar, as origens na Índia, os dias de escola em Tanworth-in-Arden e Oxford, assim como faz um retrato da cena folk britânica de finais de 60 à qual Drake surgiu associado. E explora os fantasmas que o atormentaram, das drogas e paranóia a um profundo sentimento de frustração. Mas, segundo o jornalista inglês, o autor entra pelo domínio das conjecturas quando mergulha no campo das hipóteses, levantando teses sobre a sexualidade de Drake, eventuais cenários de abuso em criança e até sugere que previu o sucesso futuro na canção Fruit Tree… O mito Drake é, de facto tentador. Mas dele há tão pouco além da música e de palavras de raros amigos, que acaba sempre em terreiro pantanoso qualquer tentativa de imaginar o homem por detrás de tão trágica mas sedutora história, e autor de uma das mais belas discografias de sempre. Sempre houve teorias sobre tudo em volta de Nick Drake, do eventual suicídio (hoje pouco credível) a cenários privados de uma vida sentimental feita de breves farrapos de sugestões e mais silêncios que factos. Apesar da crítica menos entusiamada da Mojo (que mesmo assim lhe dá um 3 em 5), quero ler a nova biografia para sustentar uma opinião sobre o livro. Até lá, como texto de referência, sempre temos o sóbrio Nick Drake: The Biography, de Patrick Humphries (Bloomsbury, 1997), que frequentemente tem aparecido em alguns escaparates lisboetas.