domingo, março 05, 2006

Smokings e Oscars

Estes rapazes estão todos devidamente aperaltados nos seus smokings e têm boas razões para isso: A Marcha dos Pinguins, de Luc Jacquet, arrisca-se a levar (para França!) o Oscar de melhor documentário de 2005, desse modo ilustrando o panorama de singularidades de um ano riquíssimo, tanto na variedade dos filmes nomeados, como nas respectivas ousadias políticas (a parábola moral de Munique, de Steven Spielberg, sobre as relações entre israelitas e palestinianos) e simbólicas (a história de amor de dois cowboys em O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee).
Se é verdade que Brokeback Mountain chama a si todos os favoritismos — a sua "estranheza" não o impediu de se transformar num fenómeno genuinamente popular —, não é menos verdade que, seja qual for o palmarés, os Oscars atribuídos em 2006 vão ficar como um momento em que o cinema americano voltou a olhar-se no espelho, por um lado vendo muito para além da lógica (repetitiva) dos blockbusters, por outro lado celebrando a possibilidade de fazer filmes em que as regras do star system e as ousadias tradicionais do cinema "independente" deixaram, definitivamente, de ser incompatíveis.
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood garante que está tudo em ordem no cenário imponente, já lendário, do Kodak Theatre, em Los Angeles. Só resta esperar pela abertura das simpáticas hostilidades, este ano contando com a apresentação de Jon Stewart, um estreante nestas coisas dos Oscars que poderá trazer para a cerimónia o sabor de um estilo da costa leste dos EUA, enraízado na sua prática como líder do notável programa televisivo que é The Daily Show. Por cá, a partir da meia-noite e meia, a TVI oferece, em directo, a transmissão da cerimónia.

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