Depois de dois primeiros álbuns em 1978, nascidos de um confronto não completamente resolvido entre heranças glam rock e um tempo de manifestações pós-punk, os Japan eram ainda uma banda de rumo ainda indefinido, e com identidade mais falada pelos excessos da imagem que pela música. Algo tinha de mudar e o grupo, atento ao presente, procurou novo rumo numa aproximação às emergentes electrónicas, sem afastar naturalmente as heranças pop/rock que traziam da sua genética de referências. Foi, para muitos, uma surpresa a colaboração que então conseguiram desafiar e trazer a estúdio. Para uma banda de mais entusiasmos prometidos nas páginas da imprensa que concretizados em disco e em concerto, a presença de Giorgio Moroder (já afamado produtor de um disco de orientação electrónica) como co-autor e produtor do single Life In Toyo foi um trunfo saboreado, sobretudo pela editora Hansa enquanto se preparava a edição que, se esperava, pudesse transformar a banda num fenómeno do seu tempo. Contudo, o single foi um redondo fracasso nas vendas e até mesmo na rádio, e a ideia de avançar para um álbum inteiro sob a orientação de Giorgio Moroder caiu por terra. David Sylvian agradeceu, certamente, o afastamento de uma força criativa alheia aos Japan. Mas a verdade é que a importação de novas sonoridades electrónicas através desta colaboração com Moroder abriu novos desafios e acabou por gerar descendência na própria obra do grupo, visível logo no álbum de 1980 Quiet Life, o primeiro de três álbuns fundamentais na escrita pop de 80 que editaram em apenas dois anos. Life In Tokyo foi reeditado várias vezes, em várias misturas, mas nunca gerou o sucesso que em tempos dele foi esperado. Fim injusto para uma das mais entusiasmantes canções pop da obra dos Japan.
Japan “Life In Tokyo” (Hansa, 1979)
Lado A: Life In Tokyo (Sylvian / Moroder)
Lado B: Life In Tokyo (pt 2) (Sylvian / Moroder)
Produção: Giorgio Moroder
Nunca figurou na tabela de singles britânica
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