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Depois de uma estreia em The Prince Of Wales, de 1989 (disco no qual apresentavam uma espantosa versão acústica de Bizarre Love Triangule, dos New Order), o ano de 1990 viu o duo mergulhado numa espécie de homenagem feita de canções ao País de Gales, e sobretudo à cidade de Cardiff, onde Alison nascera. O álbum é um dos melhores discos pop de 90, cruzando as atmosferas delicadas e sugestões do espaço visitado sob diálogo com uma pop suave, adulta e discreta, essencialmente feita de inteligentes melodias para voz e guitarra, como acontecera no álbum de estreia do duo. Todavia, Cardiffians acrescenta ao som de Alison e Ian um corpo mais sólido e uma energia mais luminosa, sobretudo através de pontuais presenças mais óbvias de teclados, plácido suporte rítmico e, pontualmente, metais (como se escuta no single Hideaway, que evoca a pop solarenga dos Weekend). Notam-se as presenças de convidados como Marc Ribot (guitarra) ou Peter Hook (baixo). A voz de Alison continua a falar-nos como em sonhos, e a escrita de Ian Devine consegue registar marcas do real sem romper o ambiente que a voz e melodias sugerem. Tal como no primeiro disco, também aqui há uma versão, desta vez o mais remoto Don’t It Make My Brown Eyes Blue, de Crystal Gayle.
Passados 16 anos, canções como Crestfallen, Hideaway, Lovers Get In The Way ou o contagiante Enough Is Enough sabem ainda a qualquer coisa leve, sedutora, diferente em sem tempo. A redescobrir…
Devine & Staton “Cardiffians” (Les Disques du Crepuscule, 1990)
Se gostou, escute depois:
Weekend, “La Variteté” (1982)
Antena “Camino del Sol” (1982)
Devine And Staton “Prince Of Wales” (1989)