quarta-feira, janeiro 25, 2006

Woody Allen made in Europe

Quem se entrega a quem? Quem foge de quem? Onde está a verdade do amor?
Provavelmente, são estas perguntas singelas — e infinitamente complexas — que ajudam a explicar o acolhimento caloroso (podemos senti-lo em todo o lado) de que está a ser objecto o novo filme de Woody Allen: Match Point, a história de um amor/desamor londrino protagonizada pelos magníficos Jonathan Rhys Meyers e Scarlett Johansson— ela é magnífica e terá, muito provavelmente, uma nomeação para Oscar de melhor actriz secundária; mas não é também verdade que ele, na corda bamba da verdade e da traição, tem uma das mais espantosas composições da produção cinematográfica de 2005?
Woody Allen inicia, assim, um périplo europeu (cujo segundo título, Scoop, também com Scarlett Johansson, poderá estar no Festival de Veneza), tanto mais surpreendente quanto a sua relação com a América — e, em particular, com Nova Iorque — parecia insubstituível. O certo é que Match Point tem o fulgor de um realismo dos estados de alma que, de Ana e as Suas Irmãs (1986) a Celebridades (1998), faz da sua obra um dos mais fascinantes universos romanescos do moderno cinema americano.

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