quinta-feira, janeiro 19, 2006

SINGLES: Heaven 17, 1983

De uma cisão dos Human League, em 1980, nasceram duas facções que divergiram claramente entre si. Por seu lado, Phil Oakey conduziu o mais importante grupo pioneiro da história pós punk de Sheffield rumo a uma pop electrónica mais luminosa e acessível, com resultados logo evidentes no histórico álbum Dare!, de 1981. Ao mesmo tempo, os dissidentes Martyn Ware e Ian Craig Marsh juntavam-se a Glenn Gregory para, no âmbito da por si criada B.E.F. (British Electric Foundation), fazer nascer uma banda que cruzasse a sua linguagem estrutural electrónica com paixões pessoais bem evidentes pelas músicas negras. Surgiram assim os Heaven 17, com depoimento de afirmação de personalidade revelado no álbum de estreia Penthouse And Pavement, de 1981. Ali juntavam, precisamente, lógicas de construção de uma pop electrónica firme numa identidade rítmica metronómica e puslante, sobre ela lançando linhas vocais ricas em vitaminas negras. Porém, só no segundo álbum encontraram o híbrido perfeito entre os dois mundos que se propunham cruzar. Sob uma atmosfera de alguma pompa sinfónica, elaboraram em The Luxury Gap um álbum de continuidade no qual, apesar de um alinhamento menos poderoso que o do disco anterior, fizeram nascer um dos hinos de referência da sua carreira. Bissectriz perfeita entre pop electrónica e a canção soul, Temptation é um dos mais bem nascidos frutos da revolução pop que as bandas herdeiras da revolução kraftwerkiana lançaram na Inglaterra de finais de 70 e inícios de 80. O cuzamento da voz grave e possante de Glenn Gregory com a pujança soul da cantora convidada Karol Kenyon, e a sobreposição das electrónicas de Ware e Marsh com a força carnal de uma orquestra sinfónica geraram aqui um clássico.

HEAVEN 17 “Temptation” (Virgin, 1983)
Lado A: Temptation (Gregory/Marsh/Ware)
Lado B: We Live So Fast (Gregory/Marsh/Ware)
Produção: B.E.F./Greg Walsh
Posição mais alta no Reino Unido: 2
Editado em Portugal pela Edisom


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