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Concebido com a consciência laboratorial de quem trabalhava a construção de um híbrido (como que a sonhar, a médio prazo, com a diluição das partes convocadas num todo), o álbum surge divido em duas etapas evidentes, uma primeira sob protagonismo da genética rock que lhes era natural, a segunda entregue ao ensaio das novas ferramentas e formas electrónicas. O resultado fez de System Of Romance um disco tão apelativo quanto intrigante. Todavia, só o tempo lhe fez justiça e, na época, passou despercebido à margem das atenções, o que levou a editora a despedir a banda e a própria formação a desmembrar-se, com o vocalista John Foxx a partir para uma carreira a solo e o guitarrista Steve Shears a juntar-se aos Magazine. A remodelação do grupo, sob liderança de Midge Ure, chegou na hora certa no lugar certo e Vienna, o álbum que se seguiu, em 1980, foi um dos maiores êxitos do seu tempo.
Hoje, Systems of Romance é evocado como uma pérola que muito contribuiu para a invenção do futuro que se lhe seguiu. Apesar de ignorado pela multidão, o registo híbrido aqui ensaiado foi linguagem franca nos primeiros anos da década de 80, e serve hoje de motor a redescobertas com evidente presença em novas bandas que têm emergido sob mote encontrado no legado pós-punk.
Ultravox, "Systems Of Romance" (Island, 1978)
Se gostar do disco, escute depois:
Tubeway Army “Replicas” (1979)
The Associates “The Affectionate Punch” (1980)
The Killers "Hot Fuss" (2004)