O projecto Murcof, um dos mais cativantes espaços de invenção electrónica dos nossos dias, vai estar este mês em Portugal, para actuações no Porto (dia 27, no Passos Manuel) e em Lisboa (dia 28, na ZDB). Murcof é o laboratório de invenção digital do mexicano Fernando Corona, que em Tijuana tem trabalhado um sentido de construção de sons que promovem diálogos entre estéticas electrónicas actuais e traços sugestivos colhidos na música contemporânea, em jogos de colagem e manipulação que procuram criar espaços e texturas onde uma música de vistas largas ganha forma. É uma música de placidez total, longa no olhar mas plena de íntimas fracções de pormenor, que traduz a sensação do homem que contempla a vastidão do deserto. Martes, o genial álbum de estreia de Murcof, em 2001, é uma das mais espantosas invenções da música electrónica dos últimos anos, e abriu terreno a uma família de cultures de um som digital minimalista que ganhou forma em Tijuana nos tempos que se seguiram e se alargou depois a outros músicos mexicanos (há quem lhe chame techno minimalista, rótulo de típico excesso de zelo taxonomista).
Nas primeiras partes dos dois concertos portugueses actuam Zentex (Porto) e Phoebus (Lisboa).
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