quarta-feira, dezembro 07, 2005

SINGLES: Fats Domino, 1956

As primeiras manifestações do rock’n’roll em meados de 50 evidenciavam evidentes pontes de relacionamento dos emergentes talentos com os seus patrimónios musicais naturais. Fats Domino, nascido em 1928, levava à sua música um tempero regional distinto, que revelava as heranças vivas da vida musical de New Orleans, particularmente as suas manifestações nas áreas do jazz, blues, boogie woogie e rhythm’n’blues. Foi o seu meio-irmão Harrisson Verrett quem o ensinou a tocar piano, talento que cedo aplicou em bares onde actuou desde cedo, desenvolvendo um estilo muito fluente que, aliado a uma voz quente dele fizeram um dos mais marcantes da sua geração, com obra vasta entra a qual encontramos Blueberry Hill, canção que gravou e dela fez uma das suas interpretações de referência. Blueberry Hill, foi composto pela equipa Vincent Rose, Larry Stock e Al Lewis, para o filme de 1940 The Singing Hills (onde fora originalmente interpretada por Gene Autry) e desde logo os seus compositores a acharam ali desperdiçada. Encontraram um publisher, e as versões começaram a surgir, a primeira por um clarinetista, as seguintes por nomes como os de Glenn Miller ou Gene Krupa. Em 1949 Louis Armstrong deu-lhe nova leitura, e foi desta que Fats Dominou tirou ideias para a sua abordagem que fez história. Mal sabe muita gente que o cantor não sabia a letra de cor quando gravou o single, pedindo-lhe o técnico que cantasse apenas a parte de que se lembrava. A versão de Fats Domino, um clássico do seu tempo, não é mais que um impressionante exercício de colagem de pedaços de uma sessão de gravação, exemplificando a arte do corta e cola com fita, tesoura e fita-cola desses tempos.

FATS DOMINO “Blueberry Hill” (Imperial, 1956)
Lado A: Blueberry Hill (Stock / Rose / Lewis)
Lado B: Honey Chile (Bartholomew / Domino)
Posição mais alta no Reino Unido: 26. Nos EUA: 2

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