As primeiras manifestações do rock’n’roll em meados de 50 evidenciavam evidentes pontes de relacionamento dos emergentes talentos com os seus patrimónios musicais naturais. Fats Domino, nascido em 1928, levava à sua música um tempero regional distinto, que revelava as heranças vivas da vida musical de New Orleans, particularmente as suas manifestações nas áreas do jazz, blues, boogie woogie e rhythm’n’blues. Foi o seu meio-irmão Harrisson Verrett quem o ensinou a tocar piano, talento que cedo aplicou em bares onde actuou desde cedo, desenvolvendo um estilo muito fluente que, aliado a uma voz quente dele fizeram um dos mais marcantes da sua geração, com obra vasta entra a qual encontramos Blueberry Hill, canção que gravou e dela fez uma das suas interpretações de referência. Blueberry Hill, foi composto pela equipa Vincent Rose, Larry Stock e Al Lewis, para o filme de 1940 The Singing Hills (onde fora originalmente interpretada por Gene Autry) e desde logo os seus compositores a acharam ali desperdiçada. Encontraram um publisher, e as versões começaram a surgir, a primeira por um clarinetista, as seguintes por nomes como os de Glenn Miller ou Gene Krupa. Em 1949 Louis Armstrong deu-lhe nova leitura, e foi desta que Fats Dominou tirou ideias para a sua abordagem que fez história. Mal sabe muita gente que o cantor não sabia a letra de cor quando gravou o single, pedindo-lhe o técnico que cantasse apenas a parte de que se lembrava. A versão de Fats Domino, um clássico do seu tempo, não é mais que um impressionante exercício de colagem de pedaços de uma sessão de gravação, exemplificando a arte do corta e cola com fita, tesoura e fita-cola desses tempos.
FATS DOMINO “Blueberry Hill” (Imperial, 1956)
Lado A: Blueberry Hill (Stock / Rose / Lewis)
Lado B: Honey Chile (Bartholomew / Domino)
Posição mais alta no Reino Unido: 26. Nos EUA: 2
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