
O apoio da CML, na ordem dos 1,21 milhões de euros será distribuído em fases, até Dezembro de 2006. A Câmara de Lisboa comprometeu-se também a prestar apoio logístico ao filme e a participar na sua divulgação, muito concretamente através da disponibilização de espaços publicitários. O Instituto Português do Turismo e alguns privados assegurarão os restantes dinheiros e necessidades. Segundo avançou Amaral Lopes, do PSD ao DN, a CML terá direitos sobre o filme, tanto na exibição em sala como em DVD. É justo!
Reagindo a esta notícia, Rui Pereira (profissional há muito ligado à exibição cinematográfica), levanta algumas questões: "Não pondo em causa o valor do filme (está recheado de figuras do fado e da música) não causa estranheza que a Câmara Municipal participe como co-produtora(pelos vistos com 1/3 do orçamento), quando o mesmo já tem vários outros co-produtores de várias nacionalidades e inclusivé já tem contrato de distribuição assegurado para Portugal?
Ou seja, os tais «direitos sobre a obra, desde a exibição em cinema às futuras edições em DVD» são o quê? São os 10% de que fala o Carrilho? Então os outros 40%-50% (percentagem normal nestes negócios)? ficam para o distribuidor em Portugal, claro. Mas esse distribuidor tem de pagar para ter acesso a esses direitos, certo?
Ou seja, com tanta gente a co-produzir e a participar no filme, é aceitável que o dinheiro público pague tanto e só fique com 10% da bilheteira e dos DVDs (porque é disso que estamos a falar)? Aliás, fará sentido de todo a Câmara entrar com dinheiro? Com que objectivo? Promover a cidade, o fado, ou para ganhar dinheiro? Não parece haver aqui dinheiro a mais circular?
E isto leva-nos à segunda questão, mais de fundo.
Como é que se justifica que a Câmara, que diz a toda a gente que não tem dinheiro para nada, que está em ruptura orçamental, que não tem dinheiro para recuperar a casa do Garrett (não é a mesma coisa, eu sei, mas é um exemplo...), esbanje assim 1,21 milhões de euros (242 mil contos), mais os circuitos de mupis, etc?"