domingo, dezembro 18, 2005

"Brigadoon" na Cinemateca

Para quem quiser começar a percorrer o cinema musical americano dos anos 50, uma excelente porta de entrada pode ser Brigadoon (1954), obra-prima de Vincente Minnelli que regressa à Cinemateca (segunda-feira, dia 19, às 15h30). Escrito por Alan Jay Lerner, com música de Frederick Loewe, o filme — lançado em Portugal com o título A Lenda dos Beijos Perdidos — é, antes de tudo o mais, uma apoteose da sofisticação do género no interior da Metro Goldwyn Mayer, com a chancela decisiva do produtor Arthur Freed. Em todo o caso, esta filiação artística e industrial não chega para dar conta da sua excelência. Isto porque, no musical como no melodrama, Minnelli foi sempre o arauto de um romantismo radical, tendendo para uma dimensão a que, à falta de melhor, poderemos chamar fantástica. Neste caso, a descoberta do mundo secreto de Brigadoon (uma pequena aldeia, na Escócia, não referenciada no mapa) corresponde à formulação de uma hipótese eminentemente poética ou, se preferirem, poeticamente política: a de uma Utopia em que o conceito de Beleza se sobrepõe a qualquer um dos seus contrários. Encarnação sublime de tal impulso utópico: os bailados de Cyd Charisse e Gene Kelly.
* Brigadoon passa na Cinemateca num ciclo dedicado, precisamente, à Metro Goldwyn Mayer. Na quinta-feira, dia 22, às 15h30, é possível ver um dos grandes melodramas de Minnelli: Some Came Running/Deus Sabe Quanto Amei (1958), com Frank Sinatra, Shirley MacLaine e Dean Martin.

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