sábado, novembro 12, 2005

'Walk The Line': primeiras impressões

Tem estreia mundial dia 18 e chega a Portugal em finais de Janeiro. Tem por título Walk The Line e é um sério, sóbrio e interessante biopic sobre Johnny Cash. Mais na linha retratista íntima e realista do recomendável, mas pouco visto, filme de Kevin Spacey sobre Bobby Darin que na dimensão de construção mítica do herói que vence as adversidades e conquista o impossível do fácil e forçado Ray de Taylor Hackford, o filme evoca os primeiros tempos na carreira de Cash em meados de 50, em digressões partilhadas com Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Roy Orbison, o seu calvário de ressaca a uma primeira etapa teen star e a dramas pessoais, ensopado em drogas, e a sua reinvenção numa série de concertos gravados em prisões em finais de 60. Mas é, sobretudo, um filme sobre a difícil história do romance com June Carter, segundo casamento de Cash e sua parceira musical de toda uma vida.
Joaquin Phoenix é um convincente Johnny Cash, bebendo-lhe gestos, olhares, pose em palco e mesmo ataque vocal ao microfone (a banda sonora, a editar internacionalmente dia 15 é em grande parte constituída por clássicos de Cash na espantosa voz de Phoenix). A seu lado Reese Witherspoon é uma igualmente segura June Carter, uma estrela popular americana do seu tempo (a actriz dá também, segura, a sua voz às canções que canta no filme). Do elenco destaque ainda para um pedagógico e visionário Sam Philips (o editor que descobriu, ou foi descoberto, por Cash, Elvis e tantos outros talentos da Memphis de 50) por Dallas Roberts. E um pai Cash, duro, marcado pela existência rural tão monótna como os seus campos de algodão, interpretado por Robert Patrick.
O filme é assinado (realização e argumento, baseado na autobiografia de Johhny Cash) por James Mangold, que teve já interessante relação com as músicas de 60 na construção sonora de Girl Interrupted, de 1999.
Entretanto, num visionamento no final da última semana, uma das filhas do primeiro casamento de Johnny Cash criticou a forma como a sua mãe é retratada no filme: uma mulher ciumenta, alheada da carreira do marido, apenas preocupada com a sua presença em casa e… longe de June Carter. John Carter Cash, o único filho do casamento do cantor com June, é produtor executivo de Walk The Line e já respondeu publicamente à meia-irmã, aceitando as suas críticas, mas sublinhando que o filme retrata, sobretudo, o rmance de Johnny e June.
Trailer, sons e dados adicionais sobre Johnny Cash e o filme podem ser visitos no site oficial

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