Em inícios de 60, Brel era já um nome respeitado em todo o universo da canção francófona e suas novas periferias. De resto, juntamente com o então recentemente revelado francês Serge Gainsbourg, encetavam processos de afirmação das duas personalidades mais determintes da música popular franco-belga de 60. Em 1962 Jacques Brel já apresentava uma notável obra em disco e protagonizava concertos intensamente vividos, que se começavam a tornar inesquecíveis. Na sua discografia, desde finais de 50, figuravam já canções como Ne Me Quittes Pas, La Valse A Mille Temps ou Les Flammandes, temas futuramente reconhecidos como clássicos. Mas 1962 marca um ano de importância fulcral. Não só representa a sua mudança para uma nova editora, a Barclay, como para a estreia no novo selo grava um álbum onde abre mais que nunca os horizontes musicais, permitindo, naturalmente sob direcção musical de François Rauber, novos requintes de sons adiante dos velhos jogos para guitarras, pianos e arranjos de cordas. O desolado Le Play Pays, tema fulcral do alinhamento desse novo álbum, retrata a sua Bélgica numa canção sombria e de nuvens baixas na qual se escuta um discreto piano eléctrico. No pólo oposto, Le Caporal Casse Pompom é uma daquelas canções de excesso e grandiosidade no som, teatral com Brel gostava de criar, encenar e depois representar com nada mais que a sua voz e um corpo em entrega total. Apesar de pensado quase como os futuros álbuns conceptuais de 70, Les Bourgois, teve neste EP de apresentação (no qual figurava ainda o belíssimo Les Biches) um dos 45 rpm mais bem sucedidos de toda a obra de Brel.
JACQUES BREL "Le Plat Pays" (Barclay, 1962)
Lado A: Le Plat Pays (Brel) + Casse Pompom (Brel)
Lado B: Les Biches (Brel/Jouannest)
Dir Musical: François Rauber
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