E pronto, acabou. Cerimónia terminada, prémios entregues, festas resolvidas, artistas e convidados a descansar... Lisboa acordou solarenga em tranquila e merecida calma depois da tempestade MTV, tempo agora para uma paz que nos últimos dias não morou em nenhum profissional ligado à música por estas paragens. Tudo correu bem. Produção espantosamente eficaz. Emissão como se desejava.Madonna, a abrir, esmagou a concorrência e assinou o momento da noite. Os Gorillaz, mesmo virtuais, foram também dignos dos elogios de um pavilhão onde, espantosamente, havia espaço para muito mais gente, cadeiras vazias entre os vipes (uns ausentes, outros, muitos, no bar) e espaço enorme por encher na plateia. Enfim... coisas que um promotor de espectáculos não faria da mesma maneira! As restantes actuações... para MTV ver. E está tudo dito, que o entusiasmo musical, a modernidade, a criatividade, não moram hoje, decididamente, por ali.
Os prémios? Era o esperado. Lógica MTV a funcionar, estrelas do momento, pastilhas elásticas teen para esquecer daqui a um ano e trocar pelas seguintes. Todos contentes, todos iguais. Nem vale a pena comentar (se bem que não consiga deixar de sublinhar como, na categoria "alternativa", entre quatro bandas interessantes e uma no sentido oposto, ganha precisamente esta última!). Nota inesperada para os Gorillaz, Melhor Banda... Pois, é... engraçado já que é uma banda que nem existe, ou seja, mais virtual que real! Mas sim, senhor, aplauso aos Gorillaz! Merecido também o triunfo dos Chemical Brotrhers no vídeo.
Contra expectativas, os The Gift ganharam o prémio Best Portuguese Act. Numa estação onde o hip hop hoje manda (quando não há reality shows no ar, claro), seria lícito esperar uma vitória de Boss AC. Ou mesmo um segundo ano de triunfo para os Da Weasel. E qualquer um deles mereceria ganhar. Mas aconteceu ali o que em Janeiro vamos assistir nas presidenciais. A "esquerda" (leia-se hip hop, sem quaisquer reais contações ideológicas nesta designação) dividiu-se em votos entre Boss AC e Da Weasel. E ganharam os The Gift! Justificado triunfo para uma banda que desde cedo trabalhou com afinco a imagem (particularmente os telediscos) e pode, prémio MTV na mão, juntar mais um trunfo a uma carteira de feitos num momento em que começa a ver frutos de um intenso esforço com via à sua internacinalização.
Depois dos prémios, festas noite dentro. Muitas, umas mais privadas que outras. Todas sem fotógrafos. No pavilhão de Portugal, vipes MTV (jornalistas, músicos, editores, convidados) escutavam o Balanescu Quartet ao vivo, em versões dos Kraftwerk ou os Soulwax em estimulante formato Nite Versions. Vencedores na sala? Só os The Gift, que as vedetas roquenróle maiores fugiram para espaços mais privados. Não posso deixar de referir a presença de Jorge Pêgo, o homem que nos anos 80 fez entre nós o que a MTV deu aos americanos: a divulgação pioneira (e mesmo a produção) de telediscos, no mítico Vivamúsica.
E pronto, para o ano há mais...
Os vencedores:
Best Album: Green Day "American Idiot"
Best Pop: Black Eyed Peas
Best Hip Hop: Snoop Dogg
Best Rock: Green Day
Best Alternative: System Of A Down
Best R&B: Alicia Keys
Best Video: Chemical Brothers "Believe"
Best Female: Shakira
Best Male: Robbie Williams
New Act: James Blunt
Best Song: Coldplay "Speed Of Sound"
Best Portuguese: The Gift
Best Group: Gorillaz