Com novo album de originais a lançar entre nós em Janeiro, pela Ananana, os Heaven 17, veteranos da geração pop electrónica que emergiu em Sheffield entre finais de 70 e inícios de 80, assinalaram ontem o regresso à actividade com um concerto no Scala, um velho teatro londrino na zona de King’s Cross.
A noite, serviu de estreia de palco para uma série de ideias, das novas canções de Before After (quatro apenas, quase todas bem acolhidas pela plateia que enchia a sala) a muitas revisões e adaptações aos tempos modernos de uma série de clássicos da sua longa careira, sobretudo colhidos nas memórias mais suculentas dos dois primeiros albuns, respectivamente Penthouse and Pavement (fundamental estreia, em 1981) e The Luxury Gap (1983). Geisha Boys And Temple Girls, que pela primeira vez subiu a um palco, respira electrónicas actuais, todavia claras sendo as marcas de um registo retro que evoca as raízes do grupo. O tema-título do primeiro álbum, Penthouse And Pavement, foi reinventado em regime deep house para festa total da plateia, Glenn Gregory tambem em elegante pezinho de dança. Temptation cruzou formas originais com estruturas house, contando com a colaborção das três cantoras convidadas. Crushed By The Wheels Of Industry é agora ainda mais maquinal que na origem. E We Don’t Need This Fascist Groove Thing surge cantado como hino que volta a fazer sentido no cenário actual (o grupo, de resto, pondera a sua regravação com nova letra). Já o tranquilo Come Live With Me teve direito a evocação na sua forma original. No encore, além de um soberbo Do I Belive?, uma justificada versão (não muito distante do original) do histórico Being Boiled, o single de estreia dos Human League. Nada de estranho nesta escolha para fim de alinhamento, já que o tema foi assinado por Ian Craig Marsh e Martyn Ware, desde 1980 nos Heaven 17, mas fundadores, anos antes, dos Human League.
Na primeira parte actuou mais uma banda herdeira da geração pop que viu nascer os Heaven 17, Human League, Blondie e Duran Duran. Chamam-se The Modern, e têm nestas duas últimas referências o seu bem evidente livro de estilo. Como tantos parceiros desta nova geração (Protocol, White Rose Movement, Every Move A Picture), cruzam guitaras pós-punk com sintetizadores analógicos com 25 anos de idade e reinventam uma pop que acredita em refrões, imagem polida e maquilhagem quanto baste. Boas ideias apenas, mas uma ou outra canção que abre apetites para um álbum de estreia a editar em Fevereiro, pela Mercury.
A saída, a equipa da empresa Live Here Now vendia o CD (duplo) com a gravação do concerto que o Scala acabara de ver. Uma ideia que os The Gift ja aplicaram em Portugal na digressao deste ano, mas com o valor acrescentado de uma capa em digipack (imagem neste post) que dá outro aspecto a coisa...
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