A Leste do Paraíso / East of Eden (1955), de Elia Kazan, com James Dean, é uma das obras-primas que abriram as portas do moderno cinema americano. Porquê? Primeiro, porque a adaptação do romance de John Steinbeck arriscava em novos efeitos dramáticos e narrativos; depois, porque a composição de Dean, enraízada no Método, revolucionava a tradição da arte de representar; finalmente, porque tudo isso era inseparável da utilização do novo formato Cinemascope (comercialmente inaugurado em 1953, com o filme A Túnica).
Ora, na noite de 2 para 3 de Outubro, a RTP programa A Leste do Paraíso — e o que faz? Apresenta uma cópia lamentável que, através do sistema "pan-&-scan", amputa as imagens originais, de modo a preencher por inteiro o ecrã e impedindo de ver o filme tal como ele foi concebido e filmado, em Cinemascope. Na prática, isto significa, muito objectivamente, que não são visíveis cerca de 40 por cento das imagens originais (de largura cerca de 2,5 vezes maior que a altura).
Dizer que os distribuidores internacionais de televisão mantêm estas cópias em circulação é uma explicação inadequada. Porque o que está em jogo não é uma mera confirmação das regras mais "preguiçosas" da comercialização de filmes para difusão televisiva. O que está em jogo, isso sim, é a vontade de ser uma referência, de facto, responsável e alternativa. Responsável como? Respeitando as características específicas das obras que se programam. Alternativa de que modo? Recusando a facilidade medíocre de tantas formas correntes de (não) fazer televisão.
* O que é o Cinemascope?
* Cinemascope: origens históricas
* East of Eden
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Ora, na noite de 2 para 3 de Outubro, a RTP programa A Leste do Paraíso — e o que faz? Apresenta uma cópia lamentável que, através do sistema "pan-&-scan", amputa as imagens originais, de modo a preencher por inteiro o ecrã e impedindo de ver o filme tal como ele foi concebido e filmado, em Cinemascope. Na prática, isto significa, muito objectivamente, que não são visíveis cerca de 40 por cento das imagens originais (de largura cerca de 2,5 vezes maior que a altura).
Dizer que os distribuidores internacionais de televisão mantêm estas cópias em circulação é uma explicação inadequada. Porque o que está em jogo não é uma mera confirmação das regras mais "preguiçosas" da comercialização de filmes para difusão televisiva. O que está em jogo, isso sim, é a vontade de ser uma referência, de facto, responsável e alternativa. Responsável como? Respeitando as características específicas das obras que se programam. Alternativa de que modo? Recusando a facilidade medíocre de tantas formas correntes de (não) fazer televisão.
* O que é o Cinemascope?
* Cinemascope: origens históricas
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