sábado, outubro 22, 2005

RETRO: Echo & The Bunnymen, 1984

Apesar de ainda activos (há poucas semanas editaram o álbum Siberia), os Echo & The Bunnymen ficarão todavia registados na história pop como uma das mais bem sucedidas (artística e comercialmente) entre as bandas nascidas do pós-punk britânico. Na sua génese está uma força mítica da herança punk de Liverpool, os Crucial Three onde, além de Ian McCulloch (mais tarde o vocalista dos Echo & The Bunnymen) militavam ainda Julian Cope (que partiu para formar os Teardrop Explodes) e Pete Wylie (logo depois nos Wah!). Da separação dos Crucial Three nasceram três bandas que muito contribuíram para a criação de um novo foco de agitação em Liverpool, os Echo & The Bunnymen resultando da reunião de McCulloch com o guitarrista Will Sergeant e, mais tarde, o baixista Les Pattison. Depois de um single de estreia gravado com a ajuda de uma caixa de ritmos, aceitaram o baterista Pete De Freitas na banda e encontraram a formação que caracterizaria a etapa mais criativa da vida do grupo, entre 1980 e 85, na qual se cristalizou um raro casamento entre a herança viva do pós-punk britânico e encantos pelo melodismo e texturas do psicadelismo de finais de 60 (sobretudo convocando aqui os Doors à carteira de memórias).
Depois de uma bela estreia em Crocodiles (1980) e de sinais de confirmação de visão e ambição no mais duro Heaven Up Here (1981) e de feliz nova aferição de um rumo mais desafiante em Porcupine (1983) apresentam em 1984 o álbum pelo qual sempre serão recordados. Ocean Rain (que a publicidade em 1984 apresentava, com algum exagero, mas bom gosto, como “the greatest album ever made”), parte das experiências de construção de uma pop mais sofisticada de Porcupine e avança por terrenos ainda mais convencionais e clássicos nas formas, conciliando a escrita das melhores canções de toda a carreira do grupo com as guitarras com personalidade de Sergeant, sumptuosos arranjos de cordas e um evidente sentido de espaço e drama. Gravado em Paris, completado em Liverpool (depois de esgotado o tempo de estúdio e orçamento previsto), é um dos mais belos álbuns pop de 80, maduro, seguro, capaz de ligar o seu tempo a toda uma série de escolas fundamentais. The Killing Moon é a mais inesquecível das canções dos Echo & The Bunnymen. Silver e Seven Seas, dois exemplos superiores de arte pop. E Nocturnal Me ou Ocean Rain exemplos da filigrana de detalhes que os arranjos e produção deste disco trabalharam com afinco, dele fazendo uma das obras-primas pop de 80.

Se gostou, experimente:
House Of Love “House Of Love” (1988)
Ian McCulloch “Candleland” (1989)
The Verve “Urban Hymns” (1997)


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