Um espantoso relato dos acontecimentos de 1 de Novembro de 1755 na cidade de Lisboa (e ecos do que se passou no resto do país), acompanhado de uma descrição detalhada dos dias que se seguiram ao terramoto fazem de Notícia do Terramoto, de Cláudio da Conceição, uma das mais interessantes edições livreiras nestes tempos em que se evocam os 250 anos sobre aquele que é ainda o mais violento dos sismos alguma vez registados na Europa. Cronista-mor no reino nos dias de D. Miguel, espírito conservador, frei Cláudio da Conceição colheu dados e relatos então a 70 anos de distância, uma das mais completas descrições do sismo, seus efeitos nas gentes e na cidade. E, ao pormenor, conta depois como reagiu uma Lisboa desmoronada, apontando um a um os decretos emitidos pelo rei e patriarcado com vista às primeiras manobras de intervenção, do enterro dos mortos e primeiros serviços religiosos à providência de alimento e abrigo aos necessitados, de leis restritivas (nas rendas, nas plantações, nas exportações) a respostas duras contra ociosos e ladrões. Em 105 páginas, um olhar antigo, que não esquece ainda o impacte da tragédia além-fronteiras, todavia filtrando teses para si incómodas de espíritos como Voltaire ou Kant.
“Notícia do Terramoto”, Cláudio da Conceição (Frenesi)
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