“Quem é Klaus Nomi? Um discreto mas brilhante génio ou uma farsa total? A oitava maravilha do mundo ou um erro trágico na linha de montagem da vida?” Palavras de dúvida, publicadas em 1980 na imprensa nova-iorquina. Questões a esclarecer, agora, em The Nomi Song, documentário de Andrew Horn acabado de editar em DVD no Reino Unido (sem projecto algum de edição portuguesa).
Cara pintada de branco, casaco estilizado ao jeito de um Dr. Caligari, cantando ora versões de Dietrich, ora árias de Purcell ou Saint Saëns, ora devaneios electro pop ora cantos de desespero teatral, cruzando a urgência pop da emergente new wave com canto lírico, foi um “ovni” na cena musical nova iorquina de finais de 70 e inícios de 80. Em 1981, o álbum de estreia Klaus Nomi horrorizou puristas, mas arrebatou espíritos ávidos de novidade. No ano seguinte, um segundo álbum, Simple Man, vincava a sua aproximação à pop. Mas por essa altura eram já visíveis os traços de debilidade que a sida decretara sobre o seu corpo. A doença, de que se começava a falar, levou-o em 1983.
The Nomi Song é um extraordinário exercício de cinema documental, e faz-nos (re)descobrir Klaus Nomi. Canções, surpreendentes imagens de arquivo e uma interessante colecção de depoimentos evocam uma vida que conheceu escape pela construção de uma personagem feita de música e puro exagero teatral. Começamos por tactear talento e sonho no East Village e acabamos em terreno profissional, discos editados, páginas nas revistas, fotos pelo mundo. Nomi tornou-se mais real que Klaus Sperber (o seu nome real), e acabou afogado na persona que criou. O DVD junta ao excelente filme uma série de extras, entre os quais cenas retiradas, entrevistas não usadas, imagens de actuações ao vivo entre 1979 e 82, comentário áudio do realizador, remisturas de cinco temas de Klaus Nomi e... a famosa receita de tarte de lima que Klaus fazia em casa e vendia para ganhar trocos adicionais.
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