Não se encontra, para já, no mercado português (virá, não virá?...), mas é daqueles discos que apetece mesmo descobrir. Chama-se Possibilities, tem assinatura de Herbie Hancock e resulta de uma salutar atitude heterodoxa, capaz de escandalizar os puristas de todas as áreas: Hancock reuniu-se com uma muito variada galeria de gente da área pop e, sem preconceitos de aplicar o seu jazz — e o seu sempre depurado piano —, fez um disco... de canções. O alinhamento é, em si mesmo, um programa político:1. Stitched Up — John Mayer
2. Safiatou — Santana e Angélique Kidjo
3. A Song For You — Christina Aguilera
4. I Do It For Your Love — Paul Simon
5. Hush Hush — Annie Lennox
6. Sister Moon — Sting
7. When Love Comes To Town — Joss Stone e Jonny Lang
8. Don't Explain — Damien Rice e Lisa Hannigan
9. I Just Called To Say I Love You — Raul Midón
10. Gelo Na Montanha — Trey Anastasio
Como entrada, recomenda-se a excelente entrevista de Josef Woodward a Hancock, na edição de Outubro da Downbeat. Amostras das faixas podem ser escutadas no sites de Herbie Hancock ou da Starbucks — é verdade: foi esta marca internacional do comércio de bebidas de café que apoiou a produção de Possibilities, tendo sido as suas lojas as primeiras a vender o CD (aliás, no interior de um catálogo muito curioso que inclui, entre outros, Bob Dylan, Etta James, Louis Armstrong, Sly & the Family Stone e Sheryl Crow).
Para avaliar o gosto (e o génio) de Hancock neste tipo de «desvios» por outras áreas musicais, sugerimos dois dos seu álbuns mais recentes: Gershwin's World (1999), extraordinária reinvenção de temas clássicos do catálogo de George Gershwin, e Future2Future (2001), um cruzamento fascinante, e serenamente livre, de world music e experimentações eletrónicas.
* H. H. na Wikipedia