
Os Abba conheceram neste certame a porta para uma carreira planetária. Já tinham tentado em 1973, mas haviam acabado em segundo lugar na final sueca. Em 1974, mascarados a rigor napoleónico, venceram o festival com… 24 pontos. A Itália, segunda classificada, com Gigliola Cinqueti, que tinha vencido dez anos antes com Non Ho L’Eta, acabou com 18 pontos. Portugal terminou em 14º (e último lugar) com E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, que somou magros três pontos. Convém aqui recordar que o sistema de votação era diferente, cada país tendo então dez pontos para distribuir, como entendesse, pelas demais canções. Podia dar todos os pontos a uma só canção. Ou cinco a uma, dois a outra e um a mais três. Ou quatro a uma e dois a duas ou um a mais duas. Ou correr dez a um ponto cada. Como mandasse a votação relativa de cada júri nacional… Um sistema polémico, que originou uma vitória ex-aequo em 1969 (Espanha, Reino Unido, França e Holanda), o ano da Desfolhada de Simone de Oliveira, e protesto português e escandinavo no ano seguinte. Pois é verdade, Portugal tomou posição de força e ficou de fora, voluntariamente, em 1970, ano em que teria sido representado por Sérgio Borges (ex-Conjunto Académioco João Paulo) com Onde Vais Rio Que Eu Canto. O sistema mudou definitivamente em 1976, para o actual doseamento de pontos em notas de 12, 10, 8, 7, e por aí a diante… Ou seja, aquela nostalgia que todos recordamos do “la norvege… douze points…. Norway… twelve points…” não tem os mesmos 50 anos que agora celebra o Festival…
No site Eurovision TV há reportagem alargada sobre a gala, fotos, e arquivos em PDF com as votações totais. E uma bela galeria de vídeos antigos.
PS. O tradicional mau gosto lusitano deu, na votação por televoto de sábado, pontuação máxima à pior das canções a concurso, o terrível Hold Me Now de Johnny Logan. Segundo lugar aos Brotherhood Of Man, com Save Your Kisses For Me (Reino Unido, 1976) e terceiro aos Abba.