domingo, outubro 23, 2005

Ainda e sempre... os Abba!

O clássico Waterloo, dos Abba, com o qual os quatro suecos venceram o Festival da Eurovisão em 1974 e projectaram internacionalmente uma das mais bem sucedidas carreiras da história da música popular, ganhou a votação efectuada durante a gala que comemorou, na noite de sábado, os 50 anos do certame. É, portanto, oficialmente, a “melhor canção” da história desta manifestação da música popular europeia que, depois de arranque discreto em meados de 50 foi determinante na definição de um gosto transversal europeu pop(ular) em 60 e 70, ainda marcante em 80, ganhando progressivo lugar de indiferença em 90, e acabando remetida hoje para fenómeno de demarcação de identidade a Leste. Os Abba venceram uma votação baseada em 14 canções escolhidas entre as quase mil que o festival apresentou desde 1955. Em segundo lugar ficou o histórico Volare (Nel Blu Dipinto Di Blu) de Domenico Modugno (sgundo lugar para a a Itália em 1958) e em terceiro, o menos imponente Hold Me Now de Johhny Logan (a terceira vitória irlandesa, em 1987).
Os Abba conheceram neste certame a porta para uma carreira planetária. Já tinham tentado em 1973, mas haviam acabado em segundo lugar na final sueca. Em 1974, mascarados a rigor napoleónico, venceram o festival com… 24 pontos. A Itália, segunda classificada, com Gigliola Cinqueti, que tinha vencido dez anos antes com Non Ho L’Eta, acabou com 18 pontos. Portugal terminou em 14º (e último lugar) com E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, que somou magros três pontos. Convém aqui recordar que o sistema de votação era diferente, cada país tendo então dez pontos para distribuir, como entendesse, pelas demais canções. Podia dar todos os pontos a uma só canção. Ou cinco a uma, dois a outra e um a mais três. Ou quatro a uma e dois a duas ou um a mais duas. Ou correr dez a um ponto cada. Como mandasse a votação relativa de cada júri nacional… Um sistema polémico, que originou uma vitória ex-aequo em 1969 (Espanha, Reino Unido, França e Holanda), o ano da Desfolhada de Simone de Oliveira, e protesto português e escandinavo no ano seguinte. Pois é verdade, Portugal tomou posição de força e ficou de fora, voluntariamente, em 1970, ano em que teria sido representado por Sérgio Borges (ex-Conjunto Académioco João Paulo) com Onde Vais Rio Que Eu Canto. O sistema mudou definitivamente em 1976, para o actual doseamento de pontos em notas de 12, 10, 8, 7, e por aí a diante… Ou seja, aquela nostalgia que todos recordamos do “la norvege… douze points…. Norway… twelve points…” não tem os mesmos 50 anos que agora celebra o Festival…
No site Eurovision TV há reportagem alargada sobre a gala, fotos, e arquivos em PDF com as votações totais. E uma bela galeria de vídeos antigos.
PS. O tradicional mau gosto lusitano deu, na votação por televoto de sábado, pontuação máxima à pior das canções a concurso, o terrível Hold Me Now de Johnny Logan. Segundo lugar aos Brotherhood Of Man, com Save Your Kisses For Me (Reino Unido, 1976) e terceiro aos Abba.

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