
Os livros, como objectos, são um mimo. Mas o critério de selecção é o calcanhar de Aquiles de uma pequena colecção que tem o seu interesse histórico e arquivista, mas que nem sempre evoca o que de musicalmente mais significativo e determinante aconteceu na década em questão. Os discos são recordados pelo número de vendas. E apenas no mercado americano. Onde estão os Sex Pistols em 70? O primeiro Pink Floyd em 60? Bowie em 70? Radiohead nos 90? Isto para não falar num Leonard Cohen, num Tom Waits, nuns Talking Heads, Smiths, De La Soul, Kraftwerk ou Depeche Mode, musicalmente determinantes, e por acaso todos eles até relativamente bem sucedidos?
Graficamente apelativa, a colecção é contudo apenas um retrato do sucesso, não da música em si. Um documento, sem dúvida, mas de sabor incompleto. Interessante para lembrar o que os americanos escutaram. Mas em nada capazes de traduzir o que a história realmente recordará como determinante na evolução da música. Como podem os anos 90 ser traduzidos… por Shania Twain, Garth Brooks e uma banda sonora com Whitney Houston?
PS. Apesar desta colecção recordar a história pop/rock à boa maneira RFM, aconselham-se mesmo assim os volumes dedicados aos anos 50 e 60. A lógica de selecção é a mesma de 70 a 90. Mas nesses dias alguns dos melhores discos editados (excepções e não a regra, é certo) chegaram a ser descobertos pelas multidões. E as capas… As capas justificam o prazer visual que se saboreia ao virar de casa página destes dois primeiros volumes.