Heath Ledger e Jake Gyllenhaal são os rostos de vitória que nos chegam do Festival de Veneza: eles são os protagonistas de Brokeback Mountain, filme de Ang Lee que arrebatou (hoje) o Leão de Ouro da 62ª edição do certame.
À distância, o menos que se pode dizer é que o novo filme do realizador de A Tempestade de Gelo (1997) e O Tigre e o Dragão (2000) tem condições para se transformar num caso de sério de descoberta e reflexão. E não só porque a história amorosa dos dois protagonistas já lhe valeu o epíteto de "western gay"; também porque a sua contextualização num ambiente de western, num rancho do Wyoming, no ano de 1963, parece recolocar a questão simbólica da morte do western ou, talvez, do seu continuado renascimento. Num texto publicado no "Diário de Notícias" (3 Set.), Eurico de Barros escreveu mesmo: "Depois de «Brokeback Mountain», o Oeste no cinema nunca mais volta a ser o mesmo. Nem os cowboys." Além do mais, convém também lembrar a ironia bizarra: Brokeback Mountain tinha sido recusado pelo comité de selecção do Festival de Cannes.
Para já, vale a pena apostar que este será um dos títulos a ser devidamente trabalhado no sentido de, pelo menos, garantir uma presença forte nas nomeações para os próximos Oscars. Isto porque a sua estreia nos EUA está marcada para 9 de Dezembro, isto é, para o período em que, tradicionalmente, surgem alguns dos candidatos mais fortes aos prémios da Academia de Hollywood.