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N.G. A mudança! Sim, a mudança! Os Strokes assimilam a folia e dinamismo da linha de baixo do histórico Rock Lobster dos B-52's e projectam a infusão rítmica num rock agreste de escola punk, que lembra a pujança de New York City Cops, com um refrão onde Casablancas canta a peito cheio "we've got a city to love". Belo single!
J.L. Pois é: não bastam as boas referências, é preciso saber o que fazer com elas. Juice Box aí está para o demonstrar: em vez de se instalarem numa "marca" pós-pós-punk, os Strokes recuam a um "primitivismo" rock'n'roll que faz com que Julian Casablancas soe como a mais mal disposta das reencarnações de Iggy Pop... e soa muitíssimo bem! O próprio Casablancas disse ao NME que Juicebox teve Dracula's Lunch como primeiro título — et pour cause.
M.L. Depois de um Room on Fire demasiado Is This It pt.2 para o seu próprio bem, a ausência de sinais de invenção num terceiro decretaria o "fim" dos Strokes. A julgar por Juice Box, aí está então a sobrevivência. Glam rock sem lantejoula - que estes são rapazes de cabedal e calça rasgada, devidamente fashion -, refrão bombástico e os Strokes a abandonarem a cave para se instalarem em palco rock'n'roll de produção cuidada.