quinta-feira, setembro 29, 2005

Festival de Toronto: 5 filmes a descobrir

Cada vez mais importante no panorama internacional, Toronto 2005 revelou títulos que, seguramente, farão a actualidade dos próximos meses. Rui Pedro Tendinha esteve lá e oferece-nos algumas pistas:

>>>Num festival que cruza a rampa dos Oscars com o glamour casual do cinema do mundo, o Toronto International Film Festival 2005 permitiu uma série de descobertas e surpresas. Lanço um breve olhar pelos filmes que estrearam mundialmente entre 8 e 17 de Setembro numa mostra onde Bono, Larry David e Brian de Palma foram festivaleiros presentes em mais do que uma sessão.
* Walk The Line, de James Mangold — Recriação dos primeiros anos da carreira de Johnny Cash e do seu encontro musical e amoroso com June Carter. Mangold opta por não usar playback e ganha a controversa aposta com as vozes dos actores e a performance dos músicos verdadeiros que acompanhavam Cash. É tour de force de verdade e despojamento de manipulações sentimentais. E é a confirmação do fulgor íntimo de Joaquin Phoenix.
* Harsh Times, David Hayer — Por muito que possa parecer um exercício de vaidade para Christian Bale (também produtor), esta primeira obra do jovem David Ayer parte de uma premissa fortíssima: o trauma de um soldado do Golfo, regressado aos EUA, contagiado por uma espiral de violência. Bale está de facto muito perto do prodigioso e o filme tem uma unidade dramática invejável. Imaginem se Scorsese tivesse filmado hoje Taxi Driver...
* Breakfast on Pluto, de Neil Jordan — À partida, também um filme em função do show de um actor, Cillian Murphy, que aqui se transforma num travesti irlandês orfão que, nos anos 70, decide reinventar-se numa Londres em mudança. Talvez seja precipitado compará-lo a Almodóvar, sobretudo porque a marca Neil Jordan está lá bem explícita. Nesse sentido, é um filme que rima com The Butcher Boy.
* Shopgirl, de Anand Tucker — O cineasta de Hilary & Jackie adapta o romance homónimo de Steve Martin sobre um triângulo amoroso entre uma rapariguinha do shopping e dois homens separados pela idade e pelo estatuto. Uma comédia desencantanda que se transforma numa epopeia de descoberta pessoal. E Claire Danes tem aqui o papel da sua vida. Há permissão para podermos voltar a gostar muito dela.
* The World Fastest Indian, de Roger Donaldson — Da Nova Zelândia chegou este conto de afirmação pessoal baseado na verdadeira história de Burt Munro, um senhor de terceira idade que bateu o recorde de velocidade num objecto motorizado. Um feelgood movie para acreditarmos no Viagra e em coisas impossíveis. Poderia ser o filme oficial da campanha de Soares, mas é um grito bem forte de Hopkins para a Academia. Ele quer outro Oscar.
Rui Pedro Tendinha
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