Paul McCartney “Chaos And Creation In The Backyard” (EMI)
J.L. Onde acaba a música dos Beatles e começa o universo de Paul McCartney? Como é óbvio, a pergunta reflecte uma impossibilidade histórica: como separar a banda de (qualquer) um dos seus pilares criativos? Em todo o caso, há que dizer que o novo álbum de McCartney nasce de uma solidão radical, como se fosse possível regressar aos tempos fundadores da sua própria história musical, porventura recuando até "antes" dos Beatles (veja-se a imagem da capa, com McCartney em 1960, portanto no ano em fez 18 anos). São treze canções de digressão íntima e confessional, aqui e ali tentadas pela intensidade das guitarras, mas quase sempre comandadas pelo coro dos violinos ou ainda, em particular, pela discreta sensualidade do piano.
N.G. Sob a presença interventiva do proutor Nigel Godrich, o melhor disco a solo de McCartney procura encontrar, em 2005, onde foram parar Eleanor Rigby e Norwegian Wood. Intimista, suave, sinfonista, quase nada pop, quase nada rock.
Mesa “Vitamina” (EMI)
N.G. Segundo álbum mostra sinais de busca de um caminho pop nascido para uma voz que veio do jazz. Entre electrónicas e ferramentas convencionais, uma boa proposta pop numa altura em que se volta a valorizar o canto em português. Escolha pouco eficaz de single de avanço mal revela que há aqui sinais de evolução face ao disco de estreia.
Mourah “New Versions” (Zona Música)
N.G. Dois anos depois de uma estreia bem interessante, o segundo passo faz-se ao lado. Remisturas interessantes de temas já antes gravados, mas com sabor a pouco onde se esperava mais. E novo.
Sigur Rós “Taak” (EMI)
N.G. O regresso à luminosidade, num disco que capta os jogos de placidez e intensidade que conhecemos dos concertos destes quatro islandeses, assim como importa pontualmente mecânicas digitais cenográficas recentemente ensaiadas na música para uma coreografia de Merce Cunningham. Sem perder identidade, oferecem uma mão cheia de canções mais estruturadas, e evocam claramente os caminhos outrora sugeridos em Agaetys Birjun.
CocoRosie “Noah’s Ark” (Sabotage)
N.G. Dupla por vezes um tanto sobrevalorizada que promove um encontro de sonhos pastorais com cenografias urbanas (subretudo sugeridas pelo recurso a electrónicas e ruídos) num álbum de belas e realmente desafiantes canções nas quais colaboram, pontualmente, nomes como os de Antony ou Devendra Banhart.
dEUS “Pocket Revolution” (Edel)
N.G. Literalmente mais do mesmo, sem a inspiração e identidade interventiva de outrora. Uma revolução de bolso? Não. Bolso apenas. E furado!
The Dead 60’s “The Dead 60’s”
N.G. Mais uma bela estreia em album de uma banda de uma nova geração britânica animada pela evocação de dinâmicas melódicas e rítmicas de finais de 70. Herdeiros da escola pós punk, juntando Gang Of Four e Clash com Specials. Riot Radio, a abrir, é irresistível. (a SonyBMG não tem a edição agendada nos próximos meses. Talvez, apenas em inícios de 2006!)
Ainda esta semana (mas ainda não escutámos): Elbow “Leader Of The Free World”; Ian Brown “The Greatest”; Dandy Warhols “Odditorium or Warlords of Mars”
Brevemente:
19 Setembro: The Magic Numbers, Devendra Banhart, Echo & The Bunnymen, Jay Jay Johansson, Culture Club (best of e remisturas), Audio Bullys
26 Setembro: Kraftwerk (DVD), Philip Glass (remisturas), Human League (remisturas originais), John Cale, Anja Garbarek
3 Outubro: Franz Ferdinand, Punk: Attitude (DVD), John Lydon (best of), Andy Bell, New Order (DVD), Pixies (DVD), The Fall, Leftfield, Liars, Beta Band
Outubro: Ladytron, Duran Duran (DVD + CD ao vivo), Depeche Mode, Camané (DVD), David Fonseca, David Bowie (3CD), Marisa Monte, Clã (DVD + CD ao vivo), Animal Collective, Blondie (best of), Madredeus (DVD)
Novembro: Da Weasel (ao vivo), GNR (CD + DVD), Moby (DVD), Live 8 (DVD), Kate Bush
Dezembro: Teresa Salgueiro
Para 2006: X-Wife, Cindy Kat, Radiohead
As datas estão sujeitas a alterações. Nem todos os discos referidos têm edição nacional garantida pelas respectivas distribuidoras locais.