Devendra Banhart. “Cripple Crow”
N.G. “Apontado como o protagonista de uma nova geração de músicos folk, e até aqui claramente sobrevalorizado perante discos que mais pareciam projectos de intenção e objectos meramente curiosos pela diferença que depoimentos estéticos definitivamente marcantes (para não dizer supostamente revolucionários), Devendra Banhart atinge finalmente em Cripple Crow a definição de uma ideia consistente no todo de um álbum, noção essa suportada finalmente por um bom conjunto de canções que vincam uma personalidade vocal e criativa que, é certo, já espreitava no passado, mas ainda a medo. Agora o que era apenas curioso e diferente assume-se mais perene e assertivo num disco que mantém firme a herança espiritual de um Marc Bolan e o sentido de melancolia de um Nick Drake, mas expande horizontes a temperos mais vastos, da electricidade acid rock ao melodismo latino-americano… Ainda o faz como que se não quisesse mudar o mundo (e por enquanto, convenhamos que não mudou ainda), mas contribui definitivamente para uma reafirmação de valores das músicas da terra que respira ar puro, evitando caminhos de neurose urbana que hoje dominam outros trilhos da invenção musical. Não se trata de um manifesto de escapismo bucólico, mas antes uma honesta afirmação de outros valores, num tempo de outras trovas. Quem sabe se dominado por um sentimento ideológico que lhe veta o desejo de voos mais altos, não o faz ainda com o sentido de abertura a outras linguagens que Patrick Wolf recentemente mostrou em Wind In The Wires ou Andrew Bird em The Mysterious Production Of Eggs ou mesmo, nas suas imediações mais próximas, umas CocoRoseie ou Animal Collective. Mas está definitivamente no bom caminho. E Cripple Crow é sem dúvida um dos mais interessantes espaços de redescoberta de pistas folk que ouvimos nos últimos tempos. Disco do ano ou qualquer coisa parecida? Nah! Tenhamos calma… Dêem-lhe mais uns discos de espera… Mais música diferente da que escuta no seu quintal para ouvir. Menos medo em olhar em frente e ver outros mundos. E ferramentas e espaço de reflexão para pentear as ideias. E então talvez nos surpreenda em pleno. Tem personalidade e talento para o fazer. Cripple Crow, finalmente, comprova-o” (edição portuguesa: Popstock)
The Magic Numbers. “The Magic Numbers”
N.G. “Vendidos pela imprensa britânica como a obra-prima da invenção nos antípodas da euforia new wave que caracteriza a música que neste momento os “bifes” vendem ao mundo, os Magic Numbers não apenas, por enquanto, uma curiosa ideia de reencontro com pistas folk e country rock, que projectam heranças de uns Mamas And The Papas ou Byrds (fase rural) e outros seus contemporâneos num presente onde… o presente não se manifesta de todo… Boas canções, sem dúvida, com gosto pelo estabelecimento de harmonias em três partes, mas ficamos por aí.... Todavia, um bom primeiro passo, de uma banda a acompanhar com atenção no futuro” (edição portuguesa: EMI Music Portugal)
Jay Jay Johanson. “Rush”
N.G. “Menos dado às bizarrias digitais do anterior Antenna, mas ainda firme na vontade de fazer uma pop suportada por electrónicas, o sueco com voz de crooner com dor-de-corno pisca desta vez o olho a algumas escolas dançáveis francesas num álbum agradável, mas apenas regular. Aqui ou ali uma boa canção, mas sem surpresas nem grandes rasgos. Quer agora dançar, mas ainda não ri”. (edição portuguesa: EMI Music Portugal)
Echo & The Bunnymen. “Siberia”
N.G. “25 anos depois do primeiro álbum, uma triste dose de mais do mesmo. Mais, convenhamos, de canções que mais parecem sobras de outros tempos. Há um bom baralha-e-volta-a-dar de condimentação pop ao jeito de Bring On The Dancing Horses, algum tempero psicadélico, pontual regresso à electricidade de Heaven Up Here. Mas o todo é tristemente decepcionante. Frio, muito frio” (edição portuguesa: Farol)
Daniel Ash. "Come Alive"
N.G. "Registo ao vivo mostra um Daniel Ash dividido entre a exumação das memórias dos Love And Rockets (de boa memória) e mesmo dos Bauhaus (de melhor memória ainda) e a sua actual paixão por cruzamentos entre as guitarras e uma ideia de serralharia digital. Como há por aqui mais passado que presente, o saldo até é positivo" (edição portuguesa: Ananana)
Scott Walker. “Climate Of Hunter”
N.G. “Uma reedição do único álbum que Scott Walker editou nos anos 80, mais concretamente em 1984. É um dos seus discos menores (a milhas das visões que 11 anos depois registaria em Tilt), mas mesmo assim prova de uma personalidade firme num tempo em que a música seguia por outros rumos”. (edição nacional ainda não prevista pela EMI Music Portugal)
Também esta semana (mas ainda não ouvimos): Gang Of Four (regravações e remisturas), Broadcast, Bill Frisell (ao vivo), Culture Club (singles e remisturas)
Brevemente:
26 Setembro: Philip Glass (remisturas), Kraftwerk (DVD), Human League (remisturas originais), John Cale, Anja Garbarek, Steve Reich, Big Star, Brad Mehldau Trio
3 Outubro: Franz Ferdinand, Punk: Attitude (DVD), John Lydon (best of), Andy Bell, New Order (DVD), Pixies (DVD), The Fall, Leftfield, Liars, Beta Band, John Lennon (antologia), Tributo a Tim + Jeff Buckley
Outubro: Ladytron, Duran Duran (DVD + CD ao vivo), Depeche Mode, Camané (DVD), David Fonseca, David Bowie (3CD), Marisa Monte, Clã (DVD + CD ao vivo), Animal Collective, Blondie (best of), Madredeus (DVD)
Novembro: Da Weasel (ao vivo), Tributo aos GNR, Moby (DVD), Live 8 (DVD), Kate Bush, Julian Cope
Dezembro: Teresa Salgueiro
Para 2006: X-Wife, Cindy Kat, Radiohead, The Strokes
As datas estão sujeitas a alterações. Nem todos os discos referidos têm edição nacional garantida pelas respectivas distribuidoras locais.
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