No Festival Sudoeste deste ano, Devendra Banhart fez do palco do Planeta Sudoeste demonstração de uma forma de viver a música popular urbana que escapa a qualquer regra pré-estabelecida. Não que as não reconheçamos. Existe ali, nele e nos seus Hairy Fairy – os amigos que incluem Andy Cabic, dos Vetiver, entre mais guitarristas, teclistas e baterista -, uma reconstrução da folk e do country rock, do rock psicadélico e do tropicalismo alargado a toda a América do Sul que nos leva a ouvir Devendra, o cantor que torna todas estas apropriações matéria própria., como um músico que se aventura pelos trilhos do universo musical actual como um criativo absolutamente distinto dos demais. Isso explicar-se-á pela forma como, o ano passado, tornou o palco do Festival Para Gente Sentada, em Santa Maria da Feira, um espaço de liberdade onde o psicadelismo folk à Tyranossaurus Rex, de Marc Bolan, o reggae do Studio One, o afro-beat de Fela Kuti e o country-rock dos Crosby, Stills & Nash conviviam no mesmo corpo. Agora, com o multifacetado Cripple Crow, Basement Tapes para o século XXI, assegura-nos que é um músico cujas largas fronteiras do universo onde se move não originam dispersão frustrante, antes revelam uma capacidade de tornar estímulos diversos – a Califórnia, Nova Iorque, o Brasil, a Argentina – ramificações da mesma linguagem.Devendra Banhart, capa da edição desta semana do DN:música, é um dos músicos e uma das personagens do cenário pop mais interessantes da actualidade. É Nick Drake, os Beatles, os psicadélicos de São Francisco e os folkies de Greenwich Village concentrados num corpo fascinado pelas harmonias ondulantes sul-americanas. Estará, no próximo dia 12 de Novembro, na Aula Magna em Lisboa e, depois das passagens pelo Festival Sudoeste, este ano, e pelo Festival Para Gente Sentada, em 2004, essa será data imperdível para todos os amantes da música popular urbana da actualidade.
Os bilhetes, já à venda, estão disponíveis a 20 (anfiteatro) e 30 euros (doutorais). Mário Lopes