segunda-feira, novembro 16, 2009

Flaming Lips: dupla ironia

A que soaria um álbum que integrasse as memórias electrónicas de Miles Davis, em particular desse álbum mal amado que é Get Up With It (1974)? Mais: como seria se o fizesse dispensando qualquer "unidade" demasiado formal — por exemplo como o "Álbum Branco" (1968), dos Beatles —, antes disparando em todos os sentidos à procura de um espectro de estilos e sonoridades tão insólito quanto diversificado?
Provavelmente, o resultado seria qualquer coisa como Embryonic, o novo dos Flaming Lips, para mais visando o modelo caído em desuso do "álbum-conceito", celebrando uma nostalgia existencial que se exprime no feminino: "She submits as she dominates / She gets out of her head / As she talks to the ceiling / You can hear what she said."
Característica a ter em conta: a divisão em duas partes (como se fossem dois LP), à maneira das inspirações citadas... Aviso à navegação: por vezes, possui a agressividade de uma banda punk que tivesse integrado a sofisticação dos estúdios mais modernos.
É uma aventura decididamente insólita, e insolitamente irónica, aqui exemplificada por um dos seus momentos mais soft: o teledisco de I Can Be a Frog, com a participação de Karen O, a vocalista dos Yeah Yeah Yeahs.