
quinta-feira, janeiro 31, 2008
Novas profecias do oráculo

Trunfos 'oldie' em Coachella
São três as bandas já separaradas e entretanto reunidas que actuam na edição deste ano do Festival Coachella, perto de Los Angeles, que decorre entre os dias 25 e 27 de Abril. Love & Rockets, Breeders e Madness ocupam posições de destaque na programação. A eles juntam-se os Krafwerk... Outros festivais...
quarta-feira, janeiro 30, 2008
Música em destaque na Berlinale

Programa completo no site oficial do festival.
Jean Michel Jarre em Portugal
O músico francês dá os seus primeiros concertos em solo português em Abril. Dia 25, no Coliseu dos Recreios (Lisboa) e, dois dias depois, no Porto, apresenta ao vivo Oxygene, o álbum histórico que o lançou e que, recentemente, regravou sem quaisquer instrumentos digitais.
Os vampiros de que se fala

Patrick Wolf lança primeiro DVD
O primeiro DVD de Patrick Wolf vai chegar este ano, em data ainda a anunciar. Com realização a cargo do fotógrafo Brantley Gutierrez, regista o último concerto da sua digressão do ano passado, no Shepards Bush Empire, em Londres. Entretanto, o músico já está a trabalhar nas canções para o sucessor de The Magic Position.
Akerlund: 10 anos depois

Para fazer o respectivo teledisco, Madonna chamava um sueco ainda pouco conhecido, de seu nome Jonas Akerlund. Da sua videografia constavam já vários trabalhos com os Roxette e essa obra-prima trash que é Smack My Bitch Up (1997), dos Prodigy — Ray of Light seria uma espécie de bandeira fin de siècle das potencialidades expressivas dos telediscos, nomeadamente através de novos arranjos de montagem (em parte facultados por novas tecnologias). Madonna descobriu nele um aliado de peso e voltou a convocá-lo para os clips de Music (2000), American Life (2003 — ambas as versões) e Jump (2006), e ainda os filmes de duas digressões, I'm Going to Tell You a Secret (2006), sobre a "Re-Invention Tour", e The Confessions Tour (2007).
Agora, a preparar o lançamento de um novo álbum, Madonna volta a trabalhar com Akerlund na fabricação do teledisco referente àquele que será o primeiro single: 4 Minutes to Save the World. A rodagem decorre por estes dias em Londres e conta com Justin Timberlake e Timbaland, co-autores da canção. Entretanto, Steven Klein, outro cúmplice regular de Madonna, será o fotógrafo da capa do disco. Lançamento em Abril. E mais uma expressão que circula como hipótese de título: Give it to Me.
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terça-feira, janeiro 29, 2008
O regresso dos irmãos Wachowski

— adapta uma muito popular BD/animação de origem japonesa (autor: Tatsuo Yoshida);
— integra as novas tecnologias de video HD, tendo sido rodado totalmente em estúdio, com os actores contra uma projecção virtual chroma key;
— embora tendo o americano Joel Silver como produtor, a rodagem decorreu na Alemanha, nos estúdios de Babelsberg.
É a primeira realização dos Wachowski, cinco anos passados sobre The Matrix Revolutions, capítulo final da "Trilogia Matrix". A personagem central, "Speed", é interpretada por Emile Hirsch (que podemos ver, a partir desta semana, como protagonista do fabuloso O Lado Selvagem, de Sean Penn); do elenco fazem parte os nomes de Christina Ricci, Matthew Fox, Susan Sarandon e John Goodman. Na ficha do filme surgem o director de fotografia David Tattersall (responsável pelas imagens das três últimas produções da saga A Guerra das Estrelas), o designer Owen Paterson (trabalhou nos três Matrix) e o compositor Michael Giacchino (nomeado para o Oscar de melhor música por Ratatouille). Eis o trailer de Speed Racer.
Alexandre Desplat: música & cinema

Dito isto, vale a pena referir que Lust, Caution confirma também a singularidade do francês Alexandre Desplat no actual panorama dos compositores de música para cinema: a sua banda sonora original é um brilhante exercício de nostalgia e reinvenção, por um lado remetendo para um depurado classicismo, por outro lado induzindo um subtil distanciamento dramático e emocional.

Em 2006, O Véu Pintado [cartaz], de John Curran, valeu-lhe o Globo de Ouro de melhor banda sonora, e A Rainha, de Stephen Frears, a primeira nomeação para o Oscar. Agora, Lust, Caution é, decididamente, um filme para ver e... escutar (uma curiosidade: numa das peças da nova banda sonora, Nanjing Road, o intérprete ao piano é o próprio Ang Lee).
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David Fonseca edita versões

Nick Cave regressa a Portugal
Datas oficiais: 21 de Abril no Coliseu de Lisboa e, no dia seguinte, no Coliseu do Porto. Estes dois concertos confirmados para Portugal fazem da passagem por estas terras o arranque da digressão europeia de Nick Cave com os Bad Seeds. O álbum, Dig, Lazarus Dig sai antes, a 3 de Março.
A caminho de 'Watershed'
Está aí a chegar Watershed, novo disco de KD Lang, o seu primeiro de originais em oito anos, após uma sucessão de álbuns de versões. É um dos seus melhores álbuns de sempre e podemos começar a descobri-lo com I Dream Of Spring, o single de avanço. À falta de teledisco, aqui fica uma actiuação televisiva recente. Arrepiante!...
Duran Duran vezes três
Uma caixa, de edição limitada e numerada, vai recolher os álbuns editados pelos Duran Duran entre 1981 e 83, os seus três primeiros: Duran Duran, Rio e Seven and The Ragged Riger. A caixa terá edição a 18 de Março.
segunda-feira, janeiro 28, 2008
"Nip/Tuck": desmontar a falsidade
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Não admira que, num mundo assim, uma série tão extraordinária como Nip/Tuck nunca tenha conseguido verdadeira visibilidade nas televisões portuguesas. Sejamos realistas: não se trata (longe disso) de um produto para audiências generalistas nem haveria razões plausíveis para a programar às nove da noite. Centrada na actividade de dois especialistas em cirurgia estética (Dylan Walsh e Julian McMahon), esta é uma série verdadeiramente adulta, tanto pelos temas como pela audiência que visa. Em todo o caso, é infinitamente mais séria que alguns trabalhos de pura pornografia jornalística que nos são impingidos em nome da “informação”. É, acima de tudo, uma visão do mundo contemporâneo que toca num tema que a ideologia dominante não gosta de enfrentar. A saber: a relação de cada um com a sua imagem mediática.
Com os episódios da quarta temporada a passar no canal Fox Life, Nip/Tuck tem evoluído num sentido cada vez mais cru e desencantado. Não se trata, obviamente, de favorecer qualquer maniqueísmo (a favor ou contra a cirurgia estética). Trata-se, isso sim, de observar um universo social em que a falsidade afectiva passou a desempenhar um papel fulcral nas relações humanas e, sobretudo, na dificuldade de estabelecer qualquer tipo de cumplicidade.
Quais são, então, os verdadeiros temas de Nip/Tuck? Em boa verdade, podemos identificá-los através de dois rótulos que, em televisão, são quase sempre utilizados de forma esquemática e moralista. Ou seja: Nip/Tuck é uma série sobre sexo e violência. Entenda-se: a perturbação sexual que nos faz descobrir estranhos a nós próprios; a violência emocional que uma relação entre pessoas pode conter. Claro que nem sempre é fácil olhar para Nip/Tuck. Mas se queremos as ilusões da facilidade, sabemos onde procurá-las.
A IMAGEM: Danil Semyonov, 2008

Stavropol, Rússia, 2008 *
(Cerimónia de comemoração dos 65 anos da libertação de Stavropol
do domínio das forças alemãs)
Discos da semana, 28 de Janeiro

British Sea Power
“Do You Like Rock Music?”
Rough Trade
4 / 5
Para ouvir: MySpace

Sérgio Godinho
“Nove e Meia no Maria Matos”
Universal
4 / 5
Para ouvir: MySpace

Pluramon
“The Monstrous Surplus”
Karaoke Kalk / Flur
3 / 5
Para ouvir: MySpace

Sons & Daughters
“This Gift”
Domino / Edel
3 / 5
Para ouvir: MySpace

Port O’Brien
“The Wind And The Well”
American Dust / Sabotage
3 / 5
Para ouvir: MySpace
Também esta semana:
Eels (best of), These New Puritans, Novembro, Sam The Kid (repackage), Sons & Daughters, Cage The Elephant, Wendy James, Susumu Yokota, Miss Kittin, Lightspeed Champion
Brevemente:
4 de Fevereiro: KD Lang, The Kills, Hot Chip, Triffids (reedições), Morcheeba, Joni Mitchell (DVD), Cass McCombs, Motown (caixa 9 – 1969), Kitsune Maison (vol 5), Nada Surf, Kronos Quartet (Terry Riley)
11 de Fevereiro: Morrissey (best of), Michael Jackson (reedição), One Night Only, Bob Mould, Goldfrapp, Smashing Pumkins (EP), Soft Cell (reedição), Buzzcocks, Durutti Column (reedição), Mind da Gap (best of)
18 de Fevereiro: Nick Cave, The B-52’s, Envelopes, Tegan & Sara, David Fonseca (repackage)
Fevereiro: Vampire Weekend, Rita Redshoes, Boy Kill Boy, Gary Numan (reedição), UHF (reedição), Petrus Castrus (reedição), Quinteto Académico + 2 (reedição), Telectu (reedição), Quarteto 1111 (reedição), Duran Duran (reedições – três primeiros álbuns numa caixa), ABC, Moby, Sigur Rós, Sebastien Tellier, Correcto
Março: Bauhaus, R.E.M., Breeders, Elbow, Supergrass, Billy Bragg, Faces (reedições), Nick Cave & The Bad Seeds, Van Morrisson, Devotchka, Daft Punk, Young Knives, Zombies (reedição), John Tavener, Philip Glass (BSO), The Grid, The Teenagers, Super Nada, OMD (reedição), Guillemots, The La’s (reedição), Cinematic Orchestra (live), We Are Scientists, Why?
Estas datas são provisórias e podem ser alteradas
“The Wind And The Well”
American Dust / Sabotage
3 / 5
Para ouvir: MySpace
Também esta semana:
Eels (best of), These New Puritans, Novembro, Sam The Kid (repackage), Sons & Daughters, Cage The Elephant, Wendy James, Susumu Yokota, Miss Kittin, Lightspeed Champion
Brevemente:
4 de Fevereiro: KD Lang, The Kills, Hot Chip, Triffids (reedições), Morcheeba, Joni Mitchell (DVD), Cass McCombs, Motown (caixa 9 – 1969), Kitsune Maison (vol 5), Nada Surf, Kronos Quartet (Terry Riley)
11 de Fevereiro: Morrissey (best of), Michael Jackson (reedição), One Night Only, Bob Mould, Goldfrapp, Smashing Pumkins (EP), Soft Cell (reedição), Buzzcocks, Durutti Column (reedição), Mind da Gap (best of)
18 de Fevereiro: Nick Cave, The B-52’s, Envelopes, Tegan & Sara, David Fonseca (repackage)
Fevereiro: Vampire Weekend, Rita Redshoes, Boy Kill Boy, Gary Numan (reedição), UHF (reedição), Petrus Castrus (reedição), Quinteto Académico + 2 (reedição), Telectu (reedição), Quarteto 1111 (reedição), Duran Duran (reedições – três primeiros álbuns numa caixa), ABC, Moby, Sigur Rós, Sebastien Tellier, Correcto
Março: Bauhaus, R.E.M., Breeders, Elbow, Supergrass, Billy Bragg, Faces (reedições), Nick Cave & The Bad Seeds, Van Morrisson, Devotchka, Daft Punk, Young Knives, Zombies (reedição), John Tavener, Philip Glass (BSO), The Grid, The Teenagers, Super Nada, OMD (reedição), Guillemots, The La’s (reedição), Cinematic Orchestra (live), We Are Scientists, Why?
Estas datas são provisórias e podem ser alteradas
(*) Versão editada de um texto publicado no suplemento IN, da revista NS
domingo, janeiro 27, 2008
Discos Perdidos (4)
Ao Vivo no RRV em 1984, 1984

VÁRIOS
Ao Vivo no Rock Rendez Vous em 1984 (RRV, 1984)
Produção: Paulo Junqueiro
Lado A: Esquadrão da Morte (Xutos & Pontapés) + The Life Of He (Croix Sainte) + Candy Hour (Dead Dream Factory) + Assassinos No Poder (Crise Total)
Lado B: Modernos Europeus (F.A.S.) + Corpos a Compasso (Casino Twist) + Testamento (Culto da Ira) + Intro (Ocaso Épico)
sábado, janeiro 26, 2008
Visões de fé segundo Haydn


Anunciadas nomeações para os César

* LA GRAINE ET LE MULET, de Abdellatif Kechiche
* LA MÔME / La Vie en Rose, de Olivier Dahan
* PERSEPOLIS / Persepolis [foto], de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud (estreia: 14 de Fevereiro)
* LE SCAPHANDRE ET LE PAPILLON / O Escafandro e a Borboleta, de Julian Schnabel
* UN SECRET, de Claude Miller
Entre os filmes nomeados estão também Enfim Juntos, de Claude Berri (três nomeações, duas delas para Laurent Stocker: melhor actor e melhor actor revelação) e As Canções de Amor, de Christophe Honoré (quatro nomeações, incluindo melhor música, para Alex Beaupain).
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sexta-feira, janeiro 25, 2008
Paisagens americanas (2)


O cinema funciona, aqui, como máquina de uma visceral inquietação. Como se o apocalipse não fosse o outro lado da nossa existência, mas apenas uma ligeira diferença com que deparamos a partir do momento em que alteramos as superfícies do nosso mundo — poder simbólico, não de projectar o futuro, mas de reconfigurar o presente com a ambiguidade do nosso próprio medo.
> Outras paisagens: Nome de Código: Cloverfield.
O disco mais esperado do ano é...

1º Franz Ferdinand – 22%
2º Nick Cave & The Bad Seeds – 19%
3º Madonna – 12%
4º Bauhaus – 9%
5º U2 – 8%
6º Vampire Weekend – 6%
7º The Breeders – 5% (*)
8º Coldplay – 5%
9º R.E.M. – 2% (*)
10º Martha Wainwright – 2%
16% dos participantes escolheram a opção “outro”. Por email chegaram sugestões, a mais frequente das quais apontando o regresso dos Portishead. Para os leitores do Sound + Vision outros discos muito aguardados são, ainda, os novos de Goldfrapp, de Moby e dEUS. Na música portuguesa destacaram-se The Gift e Rita Red Shoes. Houve quem pedisse por um álbum novo de Bowie. Também nós... Mas não sabemos se tal acontecerá...
(*) Apesar do arredondamento à unidade o desempate é possível em função do número total de votos.
Um hino que marcou o seu tempo
Discografia Duran Duran - 4
'Girls On Film' (single), 1981
Uma semana depois do lançamento do álbum de estreia Duran Duran, um terceiro single extraído do seu alinhamento chegou às lojas. A canção, que abria o Lado A do álbum, rapidamente acabou transformada num clássico de referência da discografia do grupo e hoje é peça incontornável da memória pop de 80. Girls On Film, mais próximo do modelo híbrido de cruzamento de linguagens pop/rock com estruturas rítmicas herdadas do disco usado em Planet Earth foi fenómeno global, atingindo o quinto lugar no Reino Unido e o número um em diversos países, entre os quais Portugal. A canção abria ao som de um motor de uma máquina fotográfica, reflectindo depois sobre a exploração de modelos pela indústria da moda (temática retomada no recente Red Carpet Massacre, nomeadamente no teledisco de Falling Down). Os telediscos que acompanharam o single (sobretudo a versão censurada) roubaram contudo qualquer hipótese de protagonismo à abordagem temática sugerida. O single solidificou o estatuto do grupo no Verão de 1981 e tornou-se presença regular nos concertos do grupo, sendo frequente a sua inclusão no encore. O lado B apresenta um tesouro esquecido desses dias, Faster Than Light, um dos melhores B sides de toda a discografia dos Duran Duran. Na versão máxi, em vez da remistura com instrumental extra muito vulgar na época, optaram por apresentar um novo arranjo da canção. Este arranjo serve de banda sonora à versão não censurada do teledisco.
Rodado pela dupla Godley & Creme, o teledisco de Girls on Film foi dos primeiros da história do novo formato a ser alvo de censura televisiva. Apresentava, em diversas sequências, mulheres em situações mais próximas do soft core que dos códigos habituais na cultura pop da época. Para assegurar a divulgação da canção na televisão foi criada uma outra versão “censurada”, usando mais imagens da banda em detrimento das cenas mais quentes com modelos. Esta é a versão aqui apresentada. Numa outra oportunidade será aqui apresentada a versão não censurada.
'Girls On Film' (single), 1981

Rodado pela dupla Godley & Creme, o teledisco de Girls on Film foi dos primeiros da história do novo formato a ser alvo de censura televisiva. Apresentava, em diversas sequências, mulheres em situações mais próximas do soft core que dos códigos habituais na cultura pop da época. Para assegurar a divulgação da canção na televisão foi criada uma outra versão “censurada”, usando mais imagens da banda em detrimento das cenas mais quentes com modelos. Esta é a versão aqui apresentada. Numa outra oportunidade será aqui apresentada a versão não censurada.
Um monstro na cidade

A ideia é de J.J, Abrams, o criador das séries Lost e Alias. E surgiu por alturas de uma viagem promocional do seu Missão: Impossível III ao Japão. Ao passar por uma loja de brinquedos, pegou num boneco do monstro Godzilla (mítica figura do cinema de ficção científica dos anos 50, que invadia cidades e as deixava em cacos) e pensou: porque não criar um monstro americano? A memória da cabeça, decapitada, da Estátua da Liberdade no cartaz de Nova Iorque 1997 (não usada no filme, apenas nessa imagem promocional) cimentou o conceito. O segredo, depois, foi a chave do sucesso. O filme nasceu longe dos olhares dos media e da fúria de informação da geração Internet, tendo os produtores e o estúdio conseguido rodar cenas de exterior em Coney Island sem aparato visível e, só depois, criar invulgar burburinho antes mesmo do filme ter sido mostrado pela primeira vez. A informação foi revelada em doses limitadas, repetindo estratégias usadas em filmes como O Projecto Blair Witch e Serpentes a Bordo.
Cloverfield é um monster movie que usa a linguagem das câmaras caseiras, os códigos da era SMS e a ansiedade do pós-11 de Setembro como condimentos. Toma um dispositivo de aparente documentário amador como princípio, e consegue manter todo o filme fiel a essa hipotética gravação. Na sequência da festa, recorre a uma banda sonora de fundo (com Spoon, Gorillaz ou Of Montreal) que sugere traços da caracterização dos protagonistas. Figuras que, essencialmente filmadas depois em fuga, não nunca mais que estranhos em luta pela sobrevivência que uma câmara de vídeo acaba por colocar frente aos nossos olhos.
PS. Versão editada de texto publicado no Diário de Notícias
quinta-feira, janeiro 24, 2008
Patti Smith na Fundação Cartier

Heath Ledger, aliás, o Joker

Não é tanto uma questão de acabamento, uma vez que o filme já se encontra há algum tempo em fase de pós-produção, mas sim um problema muito concreto com um dos primeiros — e fortíssimos — cartazes que tinha começado a ser divulgado. Nele encontramos a mancha da personagem do Joker (Heath Ledger, justamente) perguntando-nos em letras de sangue "porque estamos tão sérios" e, por assim dizer, sublinhando a sua própria e emblemática boca. Como já reconheceu um elemento do estúdio, citado na página de notícias do IMDb, agora "toda a gente vai interpretar cada frase que saia da sua boca de modo diferente" — entretanto, a imagem fica na sua singularidade e, importa dizê-lo, na fria indiferença da sua beleza.
Claude Berri: saber envelhecer

Berri filma a relação acidentada entre dois jovens, relação essa atravessada pelo facto de ele, cozinheiro num restaurante, ter que dividir o seu tempo entre o trabalho e os cuidados que a sua avó (a lendária e maravilhosa Françoise Bertin) necessita. Ao encenar os sobressaltos gerados pelo envelhecimento, Berri (n. 1934) retoma a herança do melodrama francês, num jogo que oscila sempre entre o gosto do realismo mais sóbrio e uma delicada e, por assim dizer, metódica sensualidade — como é óbvio, a memória do cinema de Jean Renoir está sempre presente.
Na sua dupla condição de produtor/realizador (e ainda muitas vezes argumentista e actor), Berri tem sido um militante defensor de um conceito plural de cinema, capaz de abraçar o produto genuinamente popular e também o filme de assumida experimentação formal. Entre os filmes que ele já produziu, lembremos apenas três casos emblemáticos: o romanesco de Tess (1979), de Roman Polanski, a aventura de O Urso (1988), de Jean-Jacques Annaud, e o fôlego trágico de A Rainha Margot (1994), de Patrice Chéreau. Além do mais, importa não esquecer que ele é o realizador do díptico Jean de Florette/Manon des Sources (1986), baseado em Marcel Pagnol.
Na sua dupla condição de produtor/realizador (e ainda muitas vezes argumentista e actor), Berri tem sido um militante defensor de um conceito plural de cinema, capaz de abraçar o produto genuinamente popular e também o filme de assumida experimentação formal. Entre os filmes que ele já produziu, lembremos apenas três casos emblemáticos: o romanesco de Tess (1979), de Roman Polanski, a aventura de O Urso (1988), de Jean-Jacques Annaud, e o fôlego trágico de A Rainha Margot (1994), de Patrice Chéreau. Além do mais, importa não esquecer que ele é o realizador do díptico Jean de Florette/Manon des Sources (1986), baseado em Marcel Pagnol.
Eleições nos EUA vistas pela Magnum

Apoiantes de Barack Obama esperam a sua chegada a um comício
EUA, Salem, New Hampshire, 2008
No seu site oficial, a agência Magnum apresenta actualmente um belo portfolio dedicado às eleições primárias (a caminho das presidenciais), no estado do New Hampshire. São fotografias de Christopher Anderson, num tom que preserva a espontaneidade da reportagem sem ceder aos clichés políticos ou jornalísticos. Acima de tudo, são imagens que nos mostram que é possível olhar, mesmo as mais típicas práticas políticas, contrariando o pitoresco da informação de tipo televisivo — é um excelente exemplo de uma visão mais humana da política.
Na idade de ouro da televisão americana



Obviamente, são os 17 episódios dirigidos pelo próprio Hitchcock que constituem o capítulo mais fascinante destas memórias (mesmo se é verdade que o rigor das suas matrizes narrativas confere ao todo um equilíbrio invulgar). O primeiro, Revenge/Vingança, serviu de lançamento oficial da série, tendo sido originalmente emitido a 2 de Outubro de 1955; foi a primeira vez que Vera Miles trabalhou com Hitchcock, vindo depois a integrar o elenco de O Falso Culpado (1956) e Psico (1960). Antes de cada episódio, a apresentação estava a cargo do próprio Hitchcock, num misto de elegância e sarcasmo cuja pertinência não se perdeu: ele era capaz de celebrar as virtudes de uma boa história, ao mesmo tempo desmontando as convenções do próprio meio televisivo.
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quarta-feira, janeiro 23, 2008
Paisagens americanas (1)


O caso de Nome de Código: Cloverfield apresenta uma curiosidade meramente sintomática. Isto porque o seu conceito tende a confundir-se com uma típica campanha publicitária: eis um "filme-da-idade-dos-telemóveis" (de facto, encenado como sendo registado pela câmara de video de uma das personagens) com o suplemento de um "monstro", suplemento esse traduzido em efeitos simbólicos previamente expostos — sendo a decapitação da Estátua da Liberdade, também elemento figurativo do cartaz, a súmula de tal estratégia.
Na prática, estamos perante o novo modelo do filme-trailer. Os 30 segundos do spot televisivo (em baixo) mostram "tudo", sendo o filme a expansão metódica e redundante dos seus dados. Solicita-se, assim, o espectador em nome do inverso do tema proposto: sugere-se um medo global e visceral, ao mesmo tempo que se mobiliza o público para "descobrir" o que já sabe, isto é, para não enfrentar as raízes do medo. As paisagens são, neste caso, esvaziadas de história e, literalmente, instrumentalizadas.
Maresia e rock'n'roll

Thompson Twins em reedição


Os Thompson Twins, hoje uma banda quase esquecida, foram nos primeiros dias de 80 uma das mais interessantes forças da geração pop inglesa nascida no pós-punk a atingir, pontualmente, o sucesso global, não perdendo contudo a adesão das plateias mais dadas opções mais alternativas. E conseguiram-no com os seus dois melhores álbuns, Quick Step & Side Kick (1983) e Into The Gap (1984), discos que em início de Março serão reeditados. Estas reedições apresentam os álbuns com som remasterizado e com um segundo CD de extras, contendo estes lados B, remisturas e versões instrumentais, algumas delas lançadas apenas em cassete na época, agora em primeira vida na era digital.
terça-feira, janeiro 22, 2008
Heath Ledger (1979 - 2008)

Nascido a 4 de Abril de 1979, Ledger teve a sua consagração universal com a personagem de Ennis del Mar [foto], em O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee — o papel valeu-lhe uma nomeação para o Oscar de melhor actor. Os primeiros filmes em que se destacou foram O Patriota (2000), de Roland Emmerich (onde contracenava com Mel Gibson), e Coração de Cavaleiro (2001), de Brian Helgeland. Mais recentemente, vimo-lo em Casanova (2005), de Lasse Hallström, e Candy (2005), de Neil Armfield. Há poucas semanas, tinha iniciado a rodagem de The Imaginarium of Doctor Parnassus, de Terry Gilliam, com lançamento previsto para 2009.
Oscars: os candidatos a melhores filmes

* ATONEMENT/Expiação
* JUNO/Juno (estreia: 21 Fev.)
* MICHAEL CLAYTON/Uma Questão de Consciência (estreia: 21 Fev.)
* NO COUNTRY FOR OLD MEN/Este País Não É para Velhos (estreia: 28 Fev.)
* THERE WILL BE BLOOD/Haverá Sangue (estreia: 14 Fev.)

* BEAUFORT (Israel)
* DIE FÄLSCHER/Os Falsificadores (Áustria) (estreia: 6 Março)
* KATYN (Polónia)
* MONGOL (Cazaquistão)
* 12 (Rússia)

* PERSEPOLIS/Persepolis (estreia: 21 Fev.)
* RATATOUILLE/Ratatui
* SURF'S UP/Dia de Surf
> Lista de nomeações por categorias.
> Lista de nomeações por filmes.
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Oscars: Julie Christie nunca existiu?


A questão que fica é esta: Julie Christie já ganhou dez prémios (não é gralha: DEZ) com a sua interpretação, incluindo o Globo de Ouro de melhor actriz dramática, e hoje mesmo foi nomeada para o Oscar de melhor actriz — no panorama das nomeações para os Oscars de 24 de Fevereiro, essa é uma notícia com uma componente inevitavelmente portuguesa.
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DVD
Revelações 2008: Hercules & Love Affair

Yazoo confirmam reunião e antologia
Confirma-se. Os Yazoo vão mesmo reunir-se para uma curta digressão que deverá coincidir com a edição de uma antologia da sua obra a editar em Maio. Esta antologia surgirá no formato de uma caixa com quatro discos. Três deles são CD, reunindo os álbuns Upstair's at Eric's (1983) e You And Me Both (1984) e uma colecção de lados B e remisturas. O quarto disco será um DVD com entrevistas recentes com Vince Clarke e Alison Moyet (os dois elementos do grupo) e os telediscos criados para os singles editados.
Leonard Cohen regressa à Europa?

O romanesco segundo Scott Fields

Scott Fields Ensemble
Dénouement
Beckett
Clean Feed, 2007
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segunda-feira, janeiro 21, 2008
A IMAGEM: Annie Leibovitz, 2007
Descobertas da "Variety"

É o resultado de uma visão dinâmica e inventiva da produção cinematográfica, muito para além dos blockbusters e das grandes campanhas... Vale a pena descobrir o dossier e perguntar quantos destes filmes e cineastas vão chegar ao mercado português? Ou ainda recordar as listas de anos anteriores e verificar quantos por cá (não) foram descobertos.
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Festivais
Discos da semana, 21 de Janeiro

Chromatics
"Night Drive"
Italians Do It Better / Sabotage
5 / 5
Para ouvir: MySpace

Raveonettes
"Lust Lust Lust"
Fierce Panta
4 / 5
Para ouvir: MySpace

Aaron Thomas
"Follow The Elephants"
Popstock
3 / 5
Para ouvir: MySpace

Cat Power
“Jukebox”
Matador / Popstock
3 / 5
Para ouvir: MySpace

Macacos do Chinês
“Plutão”
Enchufada
4 / 5
Para ouvir: MySpace
Também esta semana:
Damien Rice, Happy Mondays (reedições), Vic Chesnutt, British Sea Power, Justin Timberlake (DVD)
Brevemente:
28 de Janeiro: Sérgio Godinho (ao vivo), Eels (best of), These New Puritans, Novembro, Sam The Kid (repackage), Sons & Daughters, Cage The Elephant, Wendy James, Susumu Yokota, Miss Kittin, Lightspeed Champion
4 de Fevereiro: KD Lang, The Kills, Hot Chip, Triffids (reedições), Morcheeba, Joni Mitchell (DVD), Cass McCombs
11 de Fevereiro: Morrissey (best of), Michael Jackson (reedição)
Fevereiro: Vampire Weekend, Rita Redshoes, Boy Kill Boy, The B-52’s, Gary Numan (reedição), Buzzcocks, Bob Mould, Durutti Column (reedição), Goldfrapp, Soft Cell (reedição), UHF (reedição), Petrus Castrus (reedição), Quinteto Académico + 2 (reedição), Telectu (reedição), Quarteto 1111 (reedição), Mind da Gap (best of), Duran Duran (reedições – três primeiros álbuns numa caixa), ABC, Moby, Sigur Rós, Sebastien Tellier, Correcto
Março: Bauhaus, R.E.M., Breeders, Elbow, Supergrass, Billy Bragg, Faces (reedições), Nick Cave & The Bad Seeds, Van Morrisson, Devotchka, Daft Punk, Young Knives, Zombies (reedição), John Tavener, Philip Glass (BSO), The Grid, The Teenagers, Super Nada, OMD (reedição), Guillemots, The La’s (reedição), Cinematic Orchestra (live), We Are Scientists, Why?
Estas datas são provisórias e podem ser alteradas
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