quarta-feira, maio 02, 2007

Memória de João Paulo Agrela

[A notícia já tem uns dias, é de 24 de Abril,
mas só agora me dei conta dela. Mea culpa.]
Com a morte de João Paulo Agrela, desapareceu o líder daquele que foi um genuíno fenómeno da música pop, em Portugal, durante a década de 60: o Conjunto Académico João Paulo que, além do próprio (teclas), integrava Carlos Alberto (guitarra), Rui Brazão (guitarra), Ângelo Moura (baixo), José Gualberto (bateria) e Sérgio Borges (vocalista) — este último o mais conhecido elemento da banda, em especial na sequência da vitória no Festival da Canção da RTP, de 1970, com Onde Vais Rio que Eu Canto (Nóbrega e Sousa/Joaquim Pedro Gonçalves).
Através de sucessos como Hully Gully do Montanhês, Milena (A da Praia) ou Nunca Direi Adeus (segundo lugar no Festival da Canção de 1966), o Conjunto Académico de João Paulo — formado no começo da década de 60, na Madeira, por alunos do Liceu Jaime Moniz — acabou por ser um dos protagonistas de uma vaga transformadora que apostava em superar os modelos da canção tradicional (que viria a ser pejorativamente conhecida como "nacional-cançonetismo"), abrindo a música a diversas contaminações pop. Com o LP Conjunto Académico João Paulo No Teatro Monumental (Columbia, 1966), foram pioneiros nas gravações ao vivo em Portugal.
Na altura, o facto de cantarem temas em inglês foi vivido como um desafio polémico, muito discutido (e diversamente avaliado) pelos consumidores de todas as gerações. A sua mais célebre canção em inglês, A Shadow Rounds the Tomorrow Sounds, foi também o tema principal do seu derradeiro EP (Columbia, 1968), já que depois o grupo adoptou a designação 'Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo'. Na capa de A Shadow Rounds..., João Paulo Agrela figura à esquerda da imagem, usando uma camisola vermelha.